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E o destino quis assim...

E o destino quis assim...

Author: Arthur Souza

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Introduction

Depois de viver anos em um relacionamento abusivo, Alan decide dar um basta na situação. Quando em uma noite já chateado e cansado de tudo que vem vivendo com seu marido, ele toma uma decisão, se separar de Cauã. Será que ele teve essa coragem?
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Chapter 1

Destino

Em algum momento do tempo e espaço, em um local não definido…

As pessoas são tão frágeis, literalmente não sabem o que as cercam, sempre buscam a sua tão sonhada alma gêmea, contudo sem a minha ajuda eles, meros mortais nunca conseguiriam achá-la.

Não estou aqui para menosprezá-los, mas sim, para contar a história de um grupo de pessoas residentes no país Bestemming, nomeado em minha homenagem, estou agora acompanhando a vida de Alan Martins, um profes-sor que vive em um casamento abusivo, no entanto não enxerga isso até o dia do aniversário de seu matrimônio.

Vamos parar de enrolar e contar essa história direi-to.

Em Bestemming…

Alan caminha em direção a saída da escola em que trabalha como professor, hoje é um dia especial para ele, um dia tão significativo que decidira não ir à pós-graduação, planejou preparar um jantar romântico para seu marido. Não tinha certeza se Cauã gostaria da surpre-sa mesmo que aquele dia fosse especial para eles, o famige-rado aniversário de casamento deles.

Faziam quatro anos de matrimônio, para Alan es-ses anos tinham voado mesmo com todas as idas e vindas que o destino colocara em seus caminhos. Quando come-moraram um ano de casamento, a exatos dois dias depois da comemoração Cauã fora embora dizendo que poderia arrumar coisa melhor que Alan, o que o deixou com o co-ração em frangalhos, mas o que surpreendera Alan é que foi muito de repente, ele simplesmente acordou um dia dizendo que não o queria mais, indo embora.

Alan passou uma semana tentando aceitar que o seu casamento havia acabado sem nenhuma explicação plausível, mas sua ficha caiu mesmo quando sua amiga foi visitá-lo e ver como estava com tudo o que estava aconte-cendo e acabou abrindo seus olhos que provavelmente o seu casamento teria acabado mesmo.

Semanas depois seu até então ex-marido voltou di-zendo que se arrependeu de tê-lo deixado e que ele nunca o largaria novamente, e como ainda acreditava em tudo que Cauã dizia, acreditou, assim dando-lhe mais uma chance, e como se fosse obra do destino a mesma situação se repetiu nos próximos dois anos, e como trouxa Alan acreditou nele todas as vezes, pelo menos no último ano que se passara Cauã não deu a louca de largá-lo sem moti-vo algum.

Contudo ele ainda acreditava no amor que os dois nutriam um pelo outro, que o amor deles poderia vencer qualquer barreira que o destino impusesse. Mas tudo esta-va por um fio, se Cauã desse mais uma fora com ele, sentia que não poderia mais perdoá-lo por tudo. No fundo Alan sabia que o amor deles não existia mais. O que fazia era permanecer no relacionamento por comodidade. Assim que passou pelo portão da entrada da escola viu o simpáti-co porteiro.

− Até amanhã Alfredo − Alan disse assim que pas-sou pelo senhor que estava ao lado do portão.

− Até Alan − Ele responde.

Alan liga o rádio do carro sintonizando em uma es-tação em que só toca músicas internacionais. Começa a tocar uma música que resume o que Alan estava sentindo no momento.

It's a beautiful life

É uma vida bonita

Nan neoui gyeote isseulge

Eu estarei ao seu lado

It's a beautiful life

É uma vida bonita

Neoui dwie seo isseulge

Eu estarei de pé atrás de você

Beautiful love

Bonito amor

Haneurarae neowa issdamyeon

Se você está embaixo do mesmo céu que eu

Sumswineun geosmaneurodo joha

Só respirar me faz feliz

It's a beautiful life

É uma vida bonita

Beautiful day

Dia bonito

Neoui gieogeseo naega saltende

Viverei em suas memórias

Beautiful life, beautiful day

Bonita vida, Bonito dia

Nae gyeoteseo meomulleojwo

Fique ao meu lado

Beautiful my love

Bonita, meu amor

Beautiful your heart

Bonito é o seu coração

Beautiful - Crush

A música mexeu com os sentimentos de Alan, aca-bando por ficar gravada em sua memória, ele cantarolou os versos da mesma por todo o caminho restante, percebe-ra que demoraria a esquecer a melodia, o que até então para o jovem professor era uma simples música o fez se lembrar que nunca considerou sua vida bonita e nunca teve alguém realmente que o remetesse a felicidade, ele tinha Cauã, isso era um fato, mas não chegou a sentir que o amava de verdade, seus olhos até então concentrados no trânsito caótico da capital de Bestemming se encheram de lágrimas, naquele momento não entendia o porquê estava tão emotivo. Se perdera em seus devaneios que nem per-cebeu que o caminho a sua casa havia chegado ao fim.

Já vestido e de banho tomado foi a cozinha ver o que preparava para o jantar especial que pretendia fazer em comemoração ao aniversário de quatro anos de casa-mento, apesar de suas dúvidas em relação ao amor que nutria a seu marido não existisse mais, decidiu ignorá-las permanecendo na comodidade em que sua vida se encon-trava.

Alan começa a preparar sua especialidade na cozi-nha, lasanha à bolonhesa, uma coisa que sempre o fazia sorrir era cozinhar, o que sempre amou fazer, aprendera na adolescência com sua avó a fazer a tão desejada lasa-nha.

Seu telefone começa a tocar o tirando da bolha de alegria em que se encontrava, ele passa o olho por cima da bancada da cozinha não o encontrando, com toda certeza o havia deixado em algum lugar da casa, sai a procura do gritador que não para.

− Alô − Diz assim que atende sendo ríspido.

− Nossa, isso é jeito de me atender Al? − Jo Ann disse fingindo estar irritada.

− Você sabe muito bem que eu tenho a mania de atender sem ver quem é − Alan diz fingindo estar magoa-do − Mas me diga a que devo a honra da ligação de vossa magnífica majestade?

Jo cai na risada do outro lado pelo modo que ele a chamou, o que o contagia também fazendo os dois caírem em gargalhadas.

− Vou colocar no viva voz, pois senão a digníssima não me deixa terminar o jantar − Alan diz.

Alan sem esperar que Jo Ann diga algo contrário à afirmação, coloca a ligação no viva-voz voltando sua aten-ção ao molho à bolonhesa que preparava. Ele a conhecera na época em que cursava Pedagogia na Faculdade Ange-linny Fonturna, Jo Ann com sua personalidade um tanto sem noção, e com um punhado de parafusos soltos, logo que avistou Alan, aquele ser tímido e certinho teve a certe-za de que devia se aproximar dele, o corromper.

Alan vendo que a garota que na sua cabeça era a “louca do curso” tentava se aproximar dele, ele entrara em pânico, durante meses ele repelira a aproximação de Jo Ann, em algum momento em que não conseguia se lem-brar ele enfim dera uma brecha deixando a “louca do cur-so” se aproximar, o que não se arrependia, pois assim po-de ver que Jo Ann usava a casca de “louca do curso” para espantar as pessoas e encobrir sua verdadeira personali-dade, ela é na verdade uma pessoa maravilhosa e que sempre fora incompreendida por seu modo de ser.

Alan desperta de sua viagem ao passado com o cheiro de queimado que empesteia toda a cozinha.

− Que merda! − Alan grita frustrado.

− Assim você me surda seu louco − Jo Ann reclama do outro lado da linha - O que foi Al? O que aconteceu?

− Queimei o molho que estava fazendo. Bosta! merda! Vou ter que começar do zero.

− No que o senhor estava pensando pra queimar comida? − Jo questiona sarcástica.

− Em como te conheci e em como você me corrom-peu − Diz já sabendo que ela iria praguejar.

− Mas foi você que me corrompeu, seu sem-vergonha, colocando a culpa em mim − Ela disparou como ele sabia que ia fazer.

− Mas o que a senhorita estava falando enquanto eu viajava na maionese? −Alan começa o preparo de um novo molho contra sua vontade.

− Nada demais não.

− Hummm sei − Alan finge acreditar − Quem não te conhece que te compre Jo Ann. Desembucha.

− Eu falei… que estava vendo o novo drama da Netflix que não me recordo o nome, o do mafioso… e tô gostando bastante, você devia ver − Ela disse mais gague-jando e escolhendo palavras do que tudo, ele sabia que ela não tinha dito aquilo, mas decide fingir que foi.

− Vou adicioná-lo à minha lista.

− Mas você vai ver né?! − perguntou duvidosa.

− Lógico que vou. Até parece que não me conhece, amo um asiático, ainda mais mafioso − ele quase não con-segue segurar a risada.

− Deixe Cauã te ouvir, tá senhor Alan − Jo Ann disse o fazendo cair na gargalhada.

− Ele que não se cuide − Diz provocando uma crise de risadas do outro lado da linha − Acha que tô brincando né? Ninguém me leva a sério.

− Hmmm tá. Para de drama − Ela o repreende.

− Vamos falar da senhorita, como vai a vida desde a última vez que me ligou? − Ele a questiona, não a dando escapatória.

− Vai indo − Ela respondeu tentando ludibriá-lo

− Para de tentar me enganar dona Jo Ann − Ele a repreende.

− Você sabe, tô trabalhando, vivendo a vida − Ela disse por fim.

− E esse coração já tem dono?

− Você está cansado de saber que nunca vou me apaixonar de novo − Ela me responde convicta.

− Mas já faz mais de um ano, amiga

− Eu sei Alan, mas não acredito mais no amor − Ela disse já cansada. - Agora vou te deixar terminar o jantar pro seu bem, vê se aproveita a noite por mim, até mais!

− Pode deixar minha doida preferida. Até! Se cuida viu!

Assim que a ligação encerra Alan termina o jantar, sua tão desejada lasanha à bolonhesa está quase pronta, ele pode enfim respirar aliviado, conseguiria terminar o jantar para a comemoração antes que Cauã chegue.

Ao se sentar no sofá, respira fundo com a cabeça deitada no encosto, olha para o teto suspirando, pensava naquele momento em como sua vida estava, ele realmente se encontrava feliz? Por que ele permanecera tanto tempo em um relacionamento que não o agrada mais? O que ele via “nele” que o faz aturar tanta coisa?

Esses pensamentos não saiam da cabeça dele, ten-tava a todo custo arrumar uma resposta para aqueles pen-samentos que há dias tanto o atormentavam, mas não achou nenhuma resposta plausível.

Ele por achar que está pensando demais balança a cabeça tentando espantar esses questionamentos, para se distrair ele busca o controle da televisão a ligando, decide assistir a série que Jo Ann o indicara agora a pouco, que acaba por distrai-lo, o fazendo não ver o tempo passar, e quando assusta ele já viu dois episódios de uma hora cada. O que lhe causa certo estranhamento é que é considera-velmente tarde e Cauã ainda não havia chegado, preocu-pado, decide ligar.

“O número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura”

Aquela voz robótica da caixa postal eleva sua preo-cupação o fazendo se questionar o porquê da demora de seu marido, Alan continua a ligar incessantemente, e a voz daquele maldito robô já o havia estressado. Como uma última medida manda uma mensagem.

Oi, amor

Você está chegando?

Estou preocupado. 23:45

A mensagem foi, mas não chegou, deixando Alan mais encucado e por vez desconfiado de que Cauã estaria aprontando.

“Sempre que ele apronta ele desliga o celular.” Pensou.

Já era quase meia noite e Cauã ainda não havia dado notícia, agora Alan tinha a certeza de que ele estava aprontando, o que não deixaria barato para seu marido. Cabisbaixo, já ciente do que o aguardava no dia seguinte, caminhou lentamente em direção a cozinha. Cauã poderia ter esquecido do aniversário de casamento? O que ele ti-nha de tão importante para não voltar para casa? Ele não sente falta de voltar para casa? O que eu significo para ele? Essas e tantas outras perguntas rondavam sua cabeça, contudo ele só tinha uma certeza de que teria todas as suas respostas assim que amanhecesse, e dependendo destas respostas ele tomaria medidas drásticas doa a quem doer.

Ao chegar na cozinha pode constatar que sua fome fora embora, embora sua vontade de se embebedar amen-tara exponencialmente, pegara no freezer o vinho que ha-via separado para a tão aguardada comemoração que porventura viera a não acontecer, colocara uma dose em uma das taças que descansavam à mesa, já posta.

Enquanto seguia de volta a sala seus pensamentos não o deixavam em paz, inúmeras situações e possibilida-des passavam por sua cabeça, às vezes odiava ter tanta imaginação, mas pior do que tê-la é não conseguir contro-lar a velocidade que esses pensamentos surgiam em sua mente.

Na pura teimosia que tomava as ações dele, tentará ligar para seu marido, sua ira tomou conta de seu ser as-sim que escutou o sinal da caixa postal e a seguinte mensa-gem.

“O número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura”

Ao compreender que Cauã não voltaria para casa naquela noite, Alan decide ir dormir e resolver o que faria na manhã seguinte.