Maia acreditava firmemente que, mesmo que um casamento não tivesse amor apaixonado, deveria ao menos haver respeito mútuo. Por isso, nos cinco anos de seu casamento secreto, ela sempre cumpriu seu papel de esposa dedicada e mãe.
"Os resultados dos testes mostram que você está grávida."
No momento em que saiu do hospital, Maia estava ansiosa para compartilhar a boa notícia com seu marido, Blake. Mas, após várias tentativas de ligação, tudo que conseguiu foi a mensagem automática informando que o telefone dele estava desligado. Sem outra opção, ela contatou o assistente pessoal dele e descobriu que ele havia ido buscar os gêmeos.
Querendo surpreendê-los, Maia decidiu esperar em casa e pediu ao chef que preparasse um jantar especial.
O tempo passava lentamente, segundo a segundo. Ela esperou por um bom tempo, mas Blake e as crianças não apareciam. Um sentimento de inquietação começou a tomar conta dela.
O celular dele continuava desligado.
Justo quando estava prestes a pegar seu casaco e sair para procurá-los, seu celular recebeu um alerta de notícia.
O clipe de vídeo mostrava um restaurante sofisticado. Blake, vestido com um elegante terno preto sob medida, estava sentado com seus filhos gêmeos. Do outro lado da mesa estava uma mulher que Maia conhecia muito bem.
Jelynn Xerri. O primeiro amor de Blake, a mulher que ele nunca esqueceu.
À luz das velas tremulantes, os quatro pareciam uma família perfeita. Luca docemente chamava-a de "Tia Jelynn" e os olhos de Blake estavam cheios de um carinho indulgente. O título da notícia 'Um Casal Feito no Céu' acompanhado de uma imagem assim era inegavelmente romântico.
No vídeo, Jelynn perguntava gentilmente a Luca, "Quem você gosta mais, a Tia Jelynn ou a Mamãe?"
O claro "Tia Jelynn" do menino foi como uma faca girando no coração de Maia. Cobrindo os lábios, ela correu para o banheiro e vomitou.
Cinco anos de casamento. Filhos gêmeos de quatro anos.
Ainda assim, ela nunca tinha visto Blake tão gentil e atencioso em público. A versão perfeita dele só existia quando ele estava com outra mulher.
À medida que a noite caía, Blake finalmente voltou para casa, segurando seus filhos sonolentos pelas mãos.
A mansão estava totalmente escura. Quando ele acendeu as luzes, viu o banquete intocado na mesa de jantar.
Franzindo o cenho, ele pegou o telefone fixo e discou para Maia.
No momento em que a ligação foi atendida, ele a questionou, sua voz cortante de impaciência. "Maia, você ainda se importa com esta família?"
Deitada em um quarto particular de hospital, o rosto de Maia estava pálido.
"Blake, vamos nos divorciar."
Assim que as palavras caíram, a ligação foi abruptamente interrompida, deixando apenas o som contínuo do sinal desligado.
...
O tempo passou rapidamente. Dois anos depois, na Vila Yachel.
Uma chuva repentina quebrou a tranquilidade da noite.
Maia tinha acabado de fazer sua filha dormir quando ouviu o ronco de um motor de carro lá fora, seguido pelo toque urgente da campainha.
Caminhando até a janela, ela viu um sedã de luxo preto estacionado do lado de fora do portão.
A chuva caía pesada, obscurecendo a figura parada na tempestade.
Para evitar problemas desnecessários, Maia simplesmente apagou o abajur ao lado da cama, silenciosamente enviando sua resposta ao visitante lá fora.
No portão.
Yoel percebeu que a luz na janela do andar superior se apagou. Olhando para o carro, ele não teve escolha a não ser continuar apertando a campainha.
Maia deitou-se novamente e rapidamente desativou a campainha pelo aplicativo. Mas, momentos depois, ouviu batidas urgentes no portão.
Ela suspirou, pegou o telefone e atendeu ao vídeo porteiro.
A voz dela era fria e firme. "Se você não for embora agora, vou chamar a polícia."
Ao ouvir a voz dela, Yoel rapidamente explicou: "Peço sinceras desculpas por incomodá-la a esta hora, mas a chuva está forte demais para continuarmos a viagem. Os filhos do meu patrão estão com febre, e os moradores mencionaram que você tem remédio para crianças. Estamos dispostos a pagar um preço alto por ele."
Maia recusou categoricamente.
Quando estava prestes a desligar, Yoel rapidamente acrescentou: "Senhora, juro que não somos pessoas ruins. Meu patrão é Blake Quillan, presidente da World Corp. Se você disser um preço, nós pagaremos!"
Blake Quillan?
Seu ex-marido.
Ouvir esse nome de novo parecia algo de uma outra vida.
Um trovão repentino rugiu pelo céu, assustando sua filha adormecida.
A turbulência do reencontro e a dor de feridas passadas foram instantaneamente abafadas pelo som do choro de sua filha. Ela rapidamente largou o telefone e foi acalmar sua filha.
Lá fora, Yoel ouviu o choro do bebê e aproveitou a chance para apelar para o coração dela.
"Senhora, você também é mãe. Sabe como uma febre pode ser perigosa para as crianças. Por favor, só queremos o remédio, prometo que não vamos incomodá-la."
Crianças...
Sim, aqueles dois também eram filhos dela.
Mesmo que não gostassem dela.
Essa vila era muito remota, e o hospital mais próximo ficava a duas horas de carro.
Dez minutos depois.
Yoel olhou para Maia em choque, sem conseguir formar uma frase coerente. "S-Sra... Quillan?"
De pé na porta, Maia lhe entregou uma garrafa de remédio. "Eu não sou a Sra. Quillan. Tome o remédio e vá embora."
Dentro do Maybach preto.
Vestido com um terno preto, Blake abriu os olhos. Seu olhar profundo era frio e indecifrável ao olhar pela janela do carro, fixando-se na figura de pé na chuva.
Segurando seus filhos febris nos braços, ele observava Maia através da tempestade, suas emoções escondidas sob o olhar afiado.
A chuva forte encharcou suas roupas, apesar do guarda-chuva que segurava.
Quando ela estava prestes a sair, Yoel chamou: "Senhora, você quer ver os meninos? Eles têm sentido sua falta."
Maia segurou a dor no coração, sem se virar. "Não é necessário. Talvez nunca fosse para ser."
No momento em que o homem saiu do carro e ouviu suas palavras, seu rosto escureceu, irradiando um frio glacial.
Por trás dela veio sua voz profunda e cortante.
"Maia Diaz!"
Ela hesitou por um instante, mas não olhou para trás. Sem vacilar, fechou o portão atrás de si.
Blake observou sua partida resoluta, como se o passado estivesse se repetindo diante de seus olhos.
Yoel olhou para a chuva que piorava e hesitou. "Chefe, dirigir nessa tempestade é perigoso demais. Vou perguntar na vila se alguém pode nos abrigar esta noite."
Da janela no segundo andar, Maia observava em silêncio enquanto Blake voltava para o carro e seu assistente pessoal saía apressado com um guarda-chuva.
Puxando as cortinas, ela pressionou a mão contra seu coração pulsante, sentindo um entorpecimento inquietante se espalhar por seus membros.
Nos últimos dois anos, como mãe, ela sentira falta de seus filhos todos os dias. Em segredo, mantinha-se informada sobre eles, garantindo que estivessem bem.
Mas ela não tinha poder para tirá-los da família Quillan.
E além disso, eles preferiam a querida tia Jelynn.
Escondida atrás da cortina, ela observava em silêncio o carro lá embaixo.
"Senhora! Algo está errado! Os meninos acabaram de vomitar!"
No final, o coração de Maia amoleceu.
Ela permitiu que Blake e sua comitiva entrassem e rapidamente cuidou da febre dos filhos.
Na sala de estar.
Blake observava discretamente o ambiente. Brinquedos e pertences de crianças estavam por toda parte. Sua expressão se fechou, e um frio percorreu seu corpo.
Ao se lembrar dos moradores mencionando a bebê filha de Maia, ele zombou com desdém.
Todos estavam encharcados pela tempestade, mas o calor dentro da casa aliviava o frio.
Enquanto Maia se concentrava em tratar a febre dos gêmeos, um olhar atento não se afastava dela. Após terminar, ela deu algumas instruções e subiu as escadas.
...
Pela manhã, a febre dos meninos havia diminuído.
Sentados à mesa de jantar, Noah e Luca observavam hesitantes Maia e a garotinha.
Noah sussurrou: "Essa moça parece com a mamãe."
Luca bufou: "Mas a mamãe nos abandonou. Ela é uma pessoa ruim!"
Enquanto isso, a pequena Fleur, sugando sua mamadeira na cadeirinha, olhava curiosamente para os estranhos ao redor da mesa.
Depois de terminar sua mamadeira, ela naturalmente a entregou para a pessoa sentada ao seu lado - Blake.
Na hora que Maia estava prestes a pegar a mamadeira, Blake estendeu a mão. Seus dedos se tocaram, e Maia imediatamente recuou a mão.
Fleur achou que estavam brincando com ela, então estendeu a mão e agarrou os dedos de Blake, colocando sua pequena mão na palma dele.
Ela piscou para ele com olhos idênticos aos de Maia.
Mas o interesse da garotinha se dissipou tão rápido quanto apareceu. Soltando a mão de Blake, ela acenou para os meninos à sua frente.
"Bubba," ela chamou docemente os gêmeos, "Fleur, brincar."



