Yasmin olhou para o telefone pela centésima vez e franziu a testa para o horário exibido. Era estranho que sua mãe não havia respondido suas mensagens de texto durante um dia inteiro. Era ainda mais estranho que seu marido de cinco anos também não havia respondido. Ambos eram atenciosos e amorosos com ela e, portanto, ela achou o silêncio deles estranho. Além disso, seu marido Rafael estava atrasado. Se Rafael se atrasava, sempre ligava ou mandava mensagem. Isso parecia estranho de alguma forma, e seu estômago virava nervosamente, mais uma vez.
Ela se levantou do sofá onde estava tentando amenizar seu nervosismo com a Netflix no laptop quando ouviu a porta se abrir. Ela caminhou até a beirada do estudo e o viu entrar com uma expressão séria.
"Ei, querido, você está atrasado e não respondeu minhas mensagens. Está tudo bem?"
"Não," ele balançou a cabeça. "Pode me acompanhar ao meu escritório?" Ele fez um gesto para que ela o seguisse até o que ela costumava chamar de seu santuário privado.
Levando em consideração o fato de ele ter feito amor com ela durante horas na noite anterior, sua frieza agora ao mostrar o caminho, sem nem mesmo fazer uma pausa para beijá-la em saudação, a deixou completamente confusa. Ele indicou para ela se sentar na cadeira em frente à sua mesa e ela o olhou surpresa.
"Rafael, você está me assustando. O que está acontecendo?"
"Estamos nos divorciando," ele disse de maneira seca.
Ela riu. Não havia como ele estar falando sério, considerando que nos oito anos em que estiveram juntos, cinco deles casados, ele nunca levantou a voz e nunca tiveram uma discussão real. A maior briga que já tiveram foi quando ele esqueceu de abaixar a tampa do vaso sanitário e ela caiu no banheiro no meio da noite. Até mesmo naquela ocasião, ele pediu desculpas tão veementemente depois que ela parou de se descabelar, que acabaram tendo uma incrível sessão de sexo de reconciliação no chuveiro, onde ela foi se limpar. Ela parou de rir e olhou para ele. "Desculpa, o que?"
"Divórcio. Só preciso da sua assinatura nesses papéis," ele deslizou uma pilha pelo escritório. "Obviamente você pode conversar com um advogado. O pré-nupcial que assinamos será mantido. Você fica com a casa, e pode manter seu carro e receberá uma mesada pelos próximos cinco anos."
"Eu não entendo."
Ele segurava outro documento em sua mão, "este é um teste de paternidade."
"O que isso tem a ver comigo?" Ela franziu a testa enquanto observava os dedos dele tremendo, levemente. "O que está acontecendo?" Ela mesma começou a tremer agora.
"Eu tive uma indiscrição no casamento da sua irmã em Turks e Caicos seis semanas atrás."
"Você me traiu?" ela sentiu vontade de vomitar. "No casamento da minha irmã?"
"Sim."
Ela se levantou da cadeira e abraçou a própria cintura. "Isso não está acontecendo."
"Eu errei e bebi demais, e não usei camisinha. Ela está grávida. Fiz um teste de paternidade urgente. O resultado deu positivo, é meu."
"Você me disse que não queria ter filhos por mais três anos!" Ela virou para encarar ele com raiva.
"Eu disse isso, e mantenho minha palavra. Infelizmente é um fato consumado. É um erro de julgamento, mas não posso deixar outro homem criar meu filho. Vamos nos divorciar, e eu vou me casar com a mãe do meu filho."
"Como pode sentar aqui tão friamente e me dizer tudo isso?"
"Você acha que isso é fácil para mim?"
"Parece que é bem fácil, considerando o quão distante você está sendo! Eu não sou um de seus negócios multimilionários, Rafael, onde você simplesmente remove a emoção da equação. Eu sou sua esposa! Sua esposa!" Ela sempre achou sexy e poderoso o jeito que ele conseguia remover as emoções durante uma negociação, mas agora, estar na extremidade receptora de seus modos frios e calculistas parecia uma crueldade agonizante.
"Nem vai ser, depois que você assinar isso."
"Se eu assinar isso, você sai daqui agora mesmo."
Ele piscou ao ouvir as palavras dela, "agora?"
"Você não disse que eu fico com a casa?"
"Certamente você vai querer ir ver a Jennifer ou a Isabella enquanto as coisas se resolvem?"
"Elas podem vir aqui. Eu não sou quem errou. Você que pode ir embora."
"Meu escritório está aqui e precisa ser esvaziado."
"Você pode vir no fim de semana com um caminhão de mudanças e levar o conteúdo deste escritório, além de suas roupas e artigos de higiene, mas o resto, todos os móveis, louças, todos os malditos bibelôs, facas, garfos, colheres, ficam nesta casa comigo."
"Eu entendo que você está com raiva, Yasmin. Eu estou tentando ser respeitoso. Eu peço o mesmo de você."
"Respeitoso? Você transou com outra pessoa!" ela gritou no topo da sua voz, ofegante por ar enquanto sua mente girava. "No casamento da minha irmã e a engravidou. Oito anos. Oito anos em que você nunca tocou em mim sem um preservativo, e você esqueceu?" Ela agarrou o estômago enquanto lutava para não liberar o conteúdo por todo seu precioso escritório. "Oh meu Deus," ela teve um pensamento e olhou furiosa para ele, "nós tivemos sexo todos os dias que estivemos lá, às vezes duas vezes. Você me transou depois de transar com ela?"
"Yasmin, me desculpe," ele disse em voz baixa, sem quebrar sua fachada de pedra, "não deveria ter acontecido desta maneira e a melhor maneira de arrumar isso é sendo honesto com você, contando a verdade. Não há sentido em prolongar as coisas. Eu não posso permitir que meu filho nasça bastardo. Ele deve ter meu nome. O testamento do meu avô foi específico. Qualquer criança nascida fora do casamento não receberá nada. Isso significa que o milhão de dólares em confiança para o meu filho não será permitido ser tocado. Eu não posso punir uma criança pelos pecados do pai."
"E essa mulher está disposta a se casar com você também? Ela está toda animada, não é?"
"Ela não está entusiasmada com a perspectiva, mas uma vez que expliquei o dinheiro e os benefícios, ela estava mais aberta. Ela está informando ao marido também esta noite, provavelmente agora, e nós nos casaremos em seis semanas, salvo complicações."
"Como você pôde fazer isso?" Ela tentou com tanta força não chorar e irritadamente limpou as lágrimas correndo em seu rosto. “Achei que você me amava, e que tudo que tínhamos era bom. Por que você iria atrás de outra pessoa? Deus,” ela gemeu e esfregou a testa, “neste tempo todo eu nunca sequer considerei dormir com qualquer outra pessoa. Nem uma vez. Eu desisti de tudo por você. Parei de trabalhar no escritório de advocacia porque as horas interrompiam o tempo que você queria estar comigo. Programei meu tempo na galeria de arte de Jennifer ao seu redor. Eu estive à sua disposição como uma cadela para ser montada e você estava transando com outra pessoa."
Ele ficou em silêncio enquanto ela desabafava suas frustrações.
Ela acenou com a mão para ele, tentando não deixá-lo levar a melhor. Se ele pudesse ser tão frio sentado ali, ela também podia. "Apenas vá arrumar o que você vai precisar pelos próximos cinco dias e saia."
"Seria mais fácil se você fosse para uma das garotas."
"Que pena que eu não estou aqui para facilitar as coisas para você, não é?" ela virou para encará-lo e quando ele permaneceu sentado, ela gritou tão alto que sua voz parecia arranhada, as cordas vocais tensionadas, "saia da minha casa!"
"Yasmin, pelo que vale, eu te amo. Isso foi um erro de julgamento, mas infelizmente, um caro."
"Guarde sua conversa fiada condescendente para os advogados. Eu não preciso disso. Saia", ela bateu no sofá de couro. Ela estava tremendo de raiva incontrolável, choque e, se fosse honesta, desgosto.
"Eu preciso da sua assinatura."
"Eu vou ligar para Isabella vir garantir que você não está me passando para trás e então eu assinarei os papéis."
Ela amava este homem com toda a sua alma e coração, e ele acabara de friamente, desdenhosamente rasgar seu mundo em pedaços sem pensar duas vezes.
Ele se levantou da mesa e caminhou lentamente até a porta de seu escritório, estava quase lá quando um pensamento ocorreu a ela.
“Eu conhecia cada uma das pessoas no casamento da minha irmã. Quem me traiu contigo? Qual das amigas promíscuas da minha irmã se deitou com o meu marido?”
Ele pausou, com a mão sobre a moldura da porta, pela primeira vez com os dedos brancos como se a apertasse com força, enquanto admitia silenciosamente: "Alyssa."
A sala girou perigosamente e ela buscou ar em um suspiro, "minha irmã?"
O único aceno de cabeça dele foi tudo o que precisou para o mundo que ela pensava estar quebrado se estilhaçar. Ela desabou do sofá para o chão, buscando fôlego enquanto deixava escapar um grito ensurdecedor de dor e chorava de soluçar enquanto ele se afastava.
