O ar do hospital estava impregnado com o cheiro de desinfetante.
Irene Nelson saiu animada do consultório do médico, segurando os resultados do exame. No momento em que estava prestes a fazer uma ligação, seu celular tocou. Quando atendeu, ouviu seu tio dizer: "Irene, está tudo bem entre você e Edric?"
"Estamos bem. Por que pergunta?"
"Ouvi dizer que Edric levou uma moça grávida ao hospital para fazer um exame de pré-natal anteontem..."
Irene começou a rir, e respondeu: "Você está achando que Edric tem uma amante?"
"Sim!"
"Não se preocupe. De todos os homens, Edric é a última pessoa no mundo que faria uma coisa dessas."
Depois que Irene terminou de falar com o tio, ligou para Edric. No entanto, ele só atendeu depois de o telefone tocar por bastante tempo. "Estou muito ocupado. Não me atrapalhe com uma ligação se não for nada de importante! Por enquanto é só."
Sua voz era fria e sem emoção, e ele desligou antes que Irene pudesse dizer qualquer coisa. Ela se agarrou aos resultados do exame, sentindo como se as chamas de sua paixão tivessem se apagado instantaneamente.
Desde que se casaram há três anos, Edric sempre foi muito gentil com ela. Mas, nos últimos tempos, houve uma mudança brusca em sua atitude: ele não só era indiferente, mesmo quando atendia uma ligação dela, mas também impaciente, e ela se perguntava o que teria causado aquela mudança tão drástica nele.
Perdida nos próprios pensamentos, Irene virou-se e viu uma pessoa se aproximando dela. "Irmã!" chamou uma voz gentil.
Quando olhou, viu Lily Cook, que estava acompanhada por uma mulher de meia-idade.
Irene franziu a testa ao ver Lily, que era filha de uma amante. Fazendo uma expressão de desprezo, respondeu com frieza: "Cuidado com o que diz. Eu sou a única filha de minha mãe."
Em vez de irritar-se com essa resposta, Lily apenas sorriu, perguntando com gentileza, "Irene, você está aqui para fazer outro exame de infertilidade?"
"Não é da sua conta."
"Não vai me perguntar por que estou aqui, onde fazem o exame de pré-natal?" perguntou Lily, erguendo uma sobrancelha para provocar Irene. Então riu, e anunciou: "Estou grávida do Edric!"
Irene só percebeu a barriga de gravidez, ainda pequena, depois da meia-irmã dizer isso. Desde o começo, Lily nunca escondeu seus sentimentos por Edric e sempre encontrava maneiras de dar em cima do homem antes de ele se casar com Irene. Apesar disso, Irene apenas deu um sorriso irônico e zombou: "Você está maluca?"
"Não acredita em mim? Então dê uma olhada nisso!"
Foi aí que Lily mostrou o resultado do exame para Irene, cuja expressão mudou no instante em que notou a caligrafia familiar na página. Ela não conseguia acreditar em seus olhos quando viu a assinatura de Edric.
"Eu dormi com ele quatro meses atrás. Ele estava louquinho por mim e ficamos ali a noite toda. Depois disso, engravidei," Lily declarou, sorrindo com orgulho. "Edric gosta muito dessa criança e me pediu para ficar com ela. Você bem que podia desistir dele depois que meu bebê nascer."
"Sua p*ta!" rugiu Irene e, tremendo de fúria, deu um tapa no rosto de Lily. A mulher imediatamente caiu no chão, como se estivesse esperando por isso, "Ai, minha barriga!" gritou ela.
Irene havia apenas dado um tapa no rosto de Lily, mas o sangue vermelho vivo começou a escorrer das calças dela no instante em que o corpo atingiu o chão. Irene ficou desconcertada e mal conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer.
A equipe médica imediatamente transportou Lily para o pronto-socorro. Com medo de deixar a meia-irmã, Irene também foi atrás dela.
Depois de esperar por um bom tempo fora da sala, Irene ouviu o som de passos e, quando ergueu os olhos, viu sua sogra, Margaret Moore. Encarando-a, Margaret perguntou furiosa: "O que está acontecendo? Como Lily foi parar no pronto-socorro?"
"A Srta. Nelson... Não, a Sra. Myers a empurrou!" respondeu a mulher de meia-idade que acompanhava Lily.
"Sua p*ta! Você é uma árvore estéril, e por isso não pôde simplesmente suportar que os outros alcançassem o que você não conseguiu, não é?" vociferou Margaret, dando um tapa no rosto dela. Como Margaret nunca gostou de Irene, ela havia batido com toda a força, e o rosto da nora rapidamente começou a inchar.
Antes, Irene havia pensado que Lily estava mentindo, mas a atitude de Margaret explicava tudo.
A sensação de desespero cresceu rapidamente em seu coração e foi tão sufocante que ela quase desmaiou. Mas, naquele exato momento, a porta da sala de cirurgia se abriu e uma enfermeira saiu para informar que Lily havia perdido o bebê.
Margaret ficou exasperada ao ouvir isso e no mesmo instante avançou para puxar o cabelo da nora, antes de começar a espancá-la e chutá-la.
Irene rapidamente desmaiou com a violência implacável da outra mulher.
Quando ela finalmente recuperou a consciência, abriu os olhos e viu que estava em um quarto todo branco. Tentou se sentar, mas o corpo doía tanto que ela teve que se encostar na cabeceira da cama para recuperar o fôlego. Enquanto passava por isso, a porta da enfermaria se abriu e um homem usando óculos de aros dourados entrou.
"Olá, Srta. Nelson. Sou o advogado do Sr. Myers!"
"Advogado?" repetiu Irene, olhando chocada para o homem à sua frente.
“Sim, sou o advogado particular do Sr. Myers. Ele me encarregou de lidar com o processo de divórcio entre vocês.”
“Divórcio? Edric quer se divorciar de mim?” repetiu Irene, mal conseguindo acreditar no que tinha acabado de ouvir.
O advogado foi até a cama dela e entregou-lhe um documento. "Isto aqui é um acordo de divórcio. Por favor, leia."
As mãos de Irene começaram a tremer. Ela nunca imaginou que Edric realmente se divorciaria dela um dia. Sem ler o documento, ela encarou para o advogado e ordenou: "Mande Edric vir me ver! Quero que ele venha pessoalmente me dizer!"
"O Sr. Myers está muito ocupado. Ele não tem tempo para fazer isso."
"Ele está ocupado e não tem tempo?" Irene riu entre os dentes e se perguntou quando eles começaram a ser tão indiferentes um ao outro que ele não podia nem reservar um tempinho para vê-la.
Fechando os olhos, ela pegou o celular na mesa de cabeceira e ligou para o número de Edric, mas ele não atendeu.
“Como foi que Edric e eu acabamos assim? Uma traição, um divórcio..." ela refletiu.
O advogado, que ainda esperava uma resposta, insistiu: "Srta. Nelson, por favor, dê uma olhada no acordo. Estou muito ocupado!"
Pela atitude do advogado, era óbvio que ele não aceitaria um "não" como resposta. Todos tinham sido respeitosos com Irene ao longo de seus três anos de casamento com Edric. Agora que o advogado estava sendo tão frio e severo, era evidente que ele estava obedecendo as instruções de Edric.
Irene segurou o acordo de divórcio e olhou a parte sobre divisão de bens. Todos os bens que pertenciam a Edric antes do casamento não faziam parte dos bens que seriam divididos em caso de divórcio. Lágrimas brotaram nos olhos dela no mesmo instante.
Uma vez, Edric disse que ela era tudo para ele, e que todas as coisas que ele possuía também pertenciam a ela. Porém, apesar disso, já havia deixado de amá-la depois de apenas três anos de casamento. Ela se perguntou se ele estava finalmente mostrando sua verdadeira personalidade.
Ela enfim caiu a ficha de que Edric havia tido uma amante em segredo e a havia até mesmo engravidado.
"Acho que é hora de uma árvore estéril como eu desistir dele", Irene pensou com amargura. Ela parou de ler o acordo, olhou para o advogado, que a esteve encarando esse tempo todo, e pediu: "Preciso de uma caneta!"
O advogado abriu a pasta, pegou uma caneta e entregou a Irene antes de acrescentar: "O Sr. Myers disse que você não pode ficar com nenhuma das joias que ele comprou para você".
Ela ficou imóvel, olhando fixamente por um longo tempo para o espaço onde deveria assinar. No momento em que o advogado pensou que ela discordaria disso, a mulher assentiu lentamente: "Tudo bem."
Então pegou a caneta e assinou com pressa seu nome no acordo de divórcio.
Depois de dar uma olhada rápida no acordo assinado, o advogado se virou e foi embora.
Um luxuoso Aston Martin parou no estacionamento do hospital e baixou a janela, revelando o rosto de um homem incomparavelmente belo. O advogado caminhou apressado até o carro e informou com respeito: "Sr. Myers, a senhora assinou!"
"Assinou?" repetiu o homem lentamente e, com seus olhos que não deixavam transparecer emoções, olhou de relance para o rosto do outro homem.
O coração do advogado disparou ao ver como o homem parecia mal-humorado, de modo que, embora quisesse dizer algo, acabou ficando sem palavras. O homem então se virou para fitar o céu escuro da noite. Depois de algum tempo, ele rosnou: "Vamos!"