FREYA ~
Eu estava sozinha nas sombras, meus pensamentos cheios de angústia e desolação. Eu me odiava. Eu não sabia por que eu havia nascido. Fiquei me perguntando isso por vários anos.
Eu olhava para minha pele cheia de cortes sangrentos e brilhantes, eles ardiam como o inferno. Eu me vi refletida, eu estava uma bagunça.
Com as mãos tremulas, peguei o pano velho e cuidadosamente limpei o sangue seco da minha testa. O pano era áspero e arranhou, doeu ao tocar o corte. Eu sentia o ardor da ferida, a dor aguda irradiando através da minha cabeça.
Droga! Esses membros da alcateia eram tão cruéis. Eles realmente me arranharam profundamente. Mesmo sendo filha do ALPHA, eles ainda me consideravam inferior à um ômega. Porque minha família alpha, me ressentia mais do que qualquer um deles. Eles gostavam de ver as feridas no meu corpo.
Eu rangeu os dentes, tentando ficar calma, mas era difícil. As lágrimas picavam nos cantos dos meus olhos enquanto eu continuava a limpar o sangue, revelando um profundo corte na minha testa. Eu podia sentir o calor do sangue na minha pele, e me fez sentir tonta. Eu respirei fundo, tentando me manter concentrada e estável.
O som de punhos batendo na porta me assustou e eu rapidamente escondi a pequena caixa de presente na mesa, e manquei para abrir a porta rangente antes quem estava lá fora a quebrasse.
"Você foi chamada." Eu ouvi alguém dizer, então os passos começaram a se afastar.
Eu olhei ao redor do quarto em que eu estava. Era um dos quartos nas acomodações dos servos. A porta era velha, o teto estava vazando e eu mal conseguia dormir à noite por causa do frio extremo que passava pelas janelas. Eu sempre dormia no chão, sobre algumas roupas.
Arrastando-me para a sala de jantar apesar de estar uma bagunça, eu me assustei ao ver as outras empregadas já lá, com as cabeças baixas, isso me fez franzir a testa.
Meus olhos voaram para meus pais que estavam sentados na mesa de jantar, Valerie sussurrando algo antes de seus olhos voarem para mim. Então a usual expressão de nojo e ódio apareceu.
Um sorriso auto-zombeteiro apareceu nos meus lábios enquanto eu os observava.
Lá estavam eles.
A família feliz.
Papai era o alpha da alcateia noturna, mamãe era a Luna. Valerie, a princesa perfeita, e eu, Freya, a escrava perfeita.
"Venha aqui!" minha madrasta, disse da mesa, seus brincos de ouro balançavam, enquanto Valerie jogava o cabelo com um sorriso cruel. A expressão do meu pai não era diferente, era o habitual olhar frio.
"Mãe —"
"Que a deusa da lua amaldiçoe sua boca suja por me chamar assim! Nunca serei sua mãe, você me enoja!" Ela gritou, meu coração doeu dolorosamente.
Meus olhos arderam e eu olhei para baixo, mordendo os lábios para me impedir de derramar lágrimas.
Meu pai disse, encostado em sua cadeira "Então você entrou em briga com alguns membros do bando, quando tem muitas tarefas para fazer na mansão?"
Olhei para Valerie, sorrindo, mais uma vez era ela! Esta bruxa má, sempre aproveita qualquer oportunidade para me desacreditar diante dos meus pais! Eu tentei explicar, mas minha madrasta nunca me deu essa chance, ela me disse com uma voz viperina: "Saia, mas lembre-se, você vai passar fome por três semanas!" Eu aceitei silêncio essa injustificada punição, e a tortura nunca acabou se eu ainda não conseguisse convocar minha loba.
Eu arrastei meus passos fracos pronta para deixar a sala de estar que estava me matando, mas minha meia-irmã, Valerie, de repente me agarrou.
Eu esperava um outro tapa no rosto dela, mas ela de repente olhou para mim com um sorriso bobo. "Você é um pedaço de merda, receberá em breve tudo que merece."
As ameaças eram diárias, então eu não as levava a sério. Eu agradeci que Valerie não continuou a me dar chutes dolorosos porque eu tinha coisas mais importantes em mente hoje à noite e a ideia do meu amante, Charles, parou imediatamente os lamentos do meu interior agonizado, a pior coisa que já me aconteceu, e Charles era minha esperança. Eu já havia imaginado que esqueceria todos esses momentos desagradáveis quando a língua dele tocasse as minhas feridas.
~ ~ ~
O coração acelerou de emoção quando olhei para a caixa de presente nas minhas mãos. Mordeu o lábio com timidez ao imaginar o sorriso brilhante de Charles ao receber este presente.
Hoje era o aniversário dele. Pegando meu lenço, saí do meu quarto em direção à porta da frente para sair sorrateiramente, apenas para parar ao ouvir vozes lá. Tirei um pouco a cabeça para dar uma espiada.
"Oh baby, eu senti sua falta." Eu ouvi Valerie dizer seguido por um grito quando uma figura na porta a levantou, suas risadas enchiam a mansão.
Meus olhos estavam prestes a se desviar, quando percebi que essa figura estava absolutamente familiar. Meus olhos se arregalaram horrizados ao ver quem era...
Senti meu coração se quebrar em mil pedaços, uma dor profunda se espalhando pelo meu peito. Eu assisti Charles, virando-se para minha irmã, seus lábios se encontrando com os dela em um beijo.
O mundo parecia ter desacelerado, cada momento se estendendo por uma eternidade. Senti-me congelada no lugar, incapaz de me mexer, incapaz de respirar.
Eu queria gritar, chorar com a cena que se desenrolava diante de mim. Mas eu só podia ficar ali, meu coração se fragmentando em milhões de pedaços.
Ainda assim, eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo, eu dei um passo para fazer a cena diante de mim desaparecer, e ainda assim não sumiu. Meu coração ficou frio.
Então... era isso que a Valerie estava insinuando? Então isso é o Charles sendo um pegador?
Avancei furioso em sua direção. Ambos viraram para me olhar. Esperei que parariam imediatamente, que o rosto do Charles ficaria pálido de vergonha e culpa, mas em vez disso, ele aprofundou o beijo, Valerie também concordou.
A fúria me dominou por completo, e antes que eu pudesse compreender o que estava fazendo, com todas as minhas forças eu empurrei Valerie assim que me aproximei deles e repuxei Charles para o meu lado. Ela gritou, cambaleou e se firmou para se manter de pé.
Expeli ar rapidamente, encarando-a com um ódio puro. Primeiro, ela pareceu surpresa, antes de sua expressão se transformar em raiva e avançar em minha direção.
Antes que eu pudesse expressar a angústia em meu coração, Valerie me atingiu com toda a sua força, fazendo com que um grito escapasse de mim e meus lábios se cortassem. Imediatamente senti um gosto metálico.
Lágrimas quentes caíram dos meus olhos e meu pescoço virou repentinamente para um lado.
"Inútil! Como ousa em sua vida maldita tentar tocar suas mãos sujas em mim e como ousa tocar no meu companheiro! Sua nojenta imunda!" Valerie gritou, seu rosto vermelho de raiva e estava prestes a se atirar em mim antes de Charles segurá-la.
"Companheiro?" Virei-me para Charles com incredulidade. Como isso poderia estar acontecendo? Minha meia-irmã, que tornou minha vida um inferno, era a companheira do meu amado?
NÃO! A Deusa da Lua não seria tão cruel! "Charles, isso... isso é verdade? Sempre te considerei meu companheiro."
Meus olhos ardiam mais. Eu havia esgotado minhas economias para lhe dar um presente. Alguém que eu considerava meu cavaleiro em armadura brilhante. Meus lábios tremiam, o usual sorriso doce em seu rosto, se foi.
"Sim, é verdade ..." Todo o sangue no meu sistema parecia ter drenado. "Entenda bem, Freya... Eu nunca te amei. Você era apenas um brinquedo para mim. Sempre te achei chata, patética e idiota. E quando descobri que a Valerie era minha companheira, fiquei ainda mais convencido." Charles pronunciou com desprezo.
Senti o chão desabar diante dos meus olhos, por quê? O que eu fiz de errado para merecer isso?
"Vá se ferrar! Eu não quero que você me lembre do meu terrível passado no meu aniversário!" Charles esbarrou em mim com raiva e caí no chão novamente.
"Oops..." Valerie riu, beijando Charles nos lábios, enquanto eu assistia como a idiota que era, com as minhas lágrimas escorrendo.
"O que está acontecendo aqui?" Ouvi passos descendo as escadas, meus pais apareceram, com os olhos confusos.
Abri minha boca para reclamar antes que Valerie o fizesse, mas em vez disso, papai reagiu.
"Fique quieta! Ouvimos tudo... Charles escolheu a Valerie e você precisa aceitar. Deixe a Valerie pegar o que ela quer.
Engasi, fungando. "Pai... como você pode ser injusto. Por que sempre apoia a Valerie?"
Papai franziu a testa, sua irritação evidente. "Valerie é mais digna de ser chamada de minha filha, diferente de você, que é uma loba inútil, fraca, uma criança patética, que é uma vergonha!" Ele trovejou, meu coração continuou se partindo. "Não há necessidade de você continuar com Charles, pois o Alpha Lincoln está solicitando uma noiva entre minhas filhas. Valerie, como sempre, era sua escolha perfeita, mas como ela encontrou seu companheiro, você deve ser sua substituta!"
Meu mundo desabou ao redor de mim enquanto meu pai pronunciava as palavras que mudariam minha vida para sempre. Senti o sangue escorrer do meu rosto, o horror me consumindo.
Eu conseguia ouvir as palavras, mas elas pareciam ecoar em minha mente, como se fossem de uma grande distância.
Quem não conhecia Lincoln?Todos sabiam que ele era impiedoso, sanguinário e um feio assassino.
Eu não podia acreditar como papai poderia ser tão cruel.
"Nunca!" Eu soltei. A expressão do papai ficou sombria.
Ele rugiu. "Bom, para sua informação, você será levada à masmorra e torturada até concordar."
Minhas pernas fraquejaram e caí lentamente no chão. Minha boca tinha um gosto amargo.
O que poderia ser mais parecido com o inferno do que este lugar? Olhei para as caras enojadas de Charles e Valerie, enquanto a bile continuava subindo no meu estômago, eu sabia que tinha que sair dali, eu não podia respirar por mais um segundo sob o mesmo teto com essas pessoas repugnantes.
Fitei os olhos do meu pai e cerrei os dentes o mais forte que pude. "TUDO BEM! Eu vou me casar com o Alpha Lincoln!"