"Escava!!" Ouvi Oliver, o Alfa, chamar da sala de estar.
Imediatamente deixei os pratos que estava lavando e praticamente corri até ele, baixando a cabeça quando entrei na sala de estar. Tenho que ser respeitosa e não pronunciar uma palavra ou ele me machucará. Ele e Anastasia, sua companheira, estavam sentados no sofá assistindo à TV com o braço dela sobre os ombros.
"Minha companheira está com fome. Vá fazer algo para comer e nem pense em provar alguma coisa." Ele gritou em seu tom de Alfa fazendo-me estremecer um pouco.
Baixei a cabeça de novo e voltei para a cozinha. Decidi fazer macarrão com queijo, já que é o que Anastasia, a companheira de Oliver, mais gosta.
Em quinze minutos o macarrão estava pronto, então peguei os dois pratos numa bandeja com duas latas de refrigerante, já que Oliver precisa ter algo para beber com suas refeições.
Voltei para a sala de estar, mas parece que tive um péssimo timing. Oliver e Anastasia estavam numa sessão intensa de beijos, mas pararam quando sentiram a minha presença.
Vi Oliver se virar, já que estava de costas para mim e sua expressão de ira não passou despercebida. Ele rosnou alto, obviamente irritado por ter interrompido o momento, e antes mesmo que eu tivesse chance de processar algo, Oliver já tinha a mão em minha garganta, me levantando do chão e fazendo a bandeja de comida cair no processo.
Choraminguei baixinho, sabendo que, se protestasse, gritasse ou chorasse, as surras seriam ainda piores.
Com sua mão ainda em minha garganta, ele foi para a cozinha e se afastou da vista de Anastasia, já que ela não gosta do 'espetáculo'.
Quando chegamos, meu corpo foi jogado contra o balcão da cozinha, fazendo meu quadril bater na borda. A dor irradiava pelo meu quadril e pela minha perna direita até que não senti mais nada, estava entorpecida. Não tive chance de levantar quando as mãos e os pés de Oliver estavam em contato com todas as partes do meu corpo. Ele continuava chutando meu estômago e socando meu rosto. Sabia que teria algumas costelas quebradas e o rosto inchado depois, provavelmente também um braço ou perna quebrados.
Você pode pensar que isso é normal, pois eu me curaria rapidamente como qualquer outro lobisomem, mas, a coisa é, eu nem sou uma lobisomem. Apesar dos meus pais serem, eu nasci sem o gene do lobisomem e basicamente essa é a razão pela qual fui vendida ao Alfa Oliver.
Meus pais, sendo o Alfa e a Luna do Pack Lua Prateada, sentiram vergonha de mim e não me aceitaram como filha. Bom, isso tudo é passado agora. Chorei o suficiente por eles e não acho que tenho mais energia para sentir mais nada.
Quando Oliver terminou, me deu um último chute no lado antes de exigir que eu limpasse a bagunça na sala de estar e preparasse a comida de novo.
"E da próxima vez pense antes de agir!" Ele cuspiu e saiu, provavelmente voltando para Anastasia.
Ouvi risadinhas do lado de fora e sabia que era Anastasia. Não demorou muito, vi Oliver carregando-a no estilo noiva, fazendo seu caminho para o andar de cima. Não consegui segurar as lágrimas que ameaçavam cair dos meus olhos. Eu queria ter alguém para cuidar de mim e me amar também, mas sei que isso não será possível. Sou apenas uma humana e não acho que humanos tenham companheiros.
Eu tentei me levantar lentamente, segurando o balcão para me apoiar. Meu corpo estava dolorido e o sangue escorria através dos cortes e arranhões que Oliver me causou. Minha perna direita formigava e sempre que tocava o chão, mas eu não podia apenas gritar de dor. Eu tinha que ir fazer o que me disseram para não ser espancado novamente. Eu cuidadosamente fiz meu caminho até a sala de estar e comecei a limpar a bagunça. Graças a Deus que ninguém da matilha estava aqui hoje para me machucar. Todos tinham uma viagem escolar de 2 dias e uma noite. Até o beta e o terceiro no comando partiram com eles, deixando apenas o alfa, sua companheira e eu.
Terminei de limpar e fui preparar comida novamente. Quando terminei, peguei a bandeja e fui para o andar de cima, parando em frente ao quarto do alfa Oliver. Eu não sabia o que fazer. Como eu deveria saber se agora era um bom momento ou não.
"Apenas deixe essa maldita coisa e saia!" Eu ouvi Oliver rosnar antes que eu pudesse pensar em algo para fazer.
Rapidamente coloquei a bandeja no chão e tentei com dificuldade, contra minha perna dolorida, alcançar meu quarto que ficava na verdade um sótão no teto. Mas eu não podia reclamar, pelo menos era melhor do que dormir fora no frio.
Eu mal consegui chegar à minha cama antes de desmaiar e tudo que vi foi escuridão.
