PONTO DE VISTA DA RHEA
Os raios do sol nascente espiavam por minhas cortinas, me avisando que já era manhã. Eu estava acordada desde as quatro, tentando terminar mais um capítulo do meu livro, algo que virou rotina pra mim, porque é nesse horário que costumo ter minhas melhores ideias e inspirações.
Coloco um ponto final na última frase do capítulo antes de salvá-lo e fechar meu laptop. Deitando de volta na cama, estico minhas pernas que estavam cruzadas desde que acordei, e massageio meus dedos doloridos, que estavam digitando furiosamente no meu laptop.
Fecho meus olhos para dormir um pouco mais, quando ouço passos leves que vão ficando mais fortes conforme se aproximam do meu quarto. Os passos param, seguidos por uma batida na minha porta.
"Rhea, venha pra baixo. O café da manhã está pronto", diz a voz doce da minha mãe do lado de fora, antes de seus passos se afastarem do meu quarto.
Levantando da minha cama queen-size, afasto as cortinas e suspiro, apreciando o calor dos raios solares que entram pela janela na minha pele. Caminho para o banheiro cantarolando minha nova música favorita; Slowly, do Alec Benjamin. Escovo meus dentes e lavo meu rosto antes de pentear meu cabelo loiro acobreado e amarrá-lo em um coque.
Volto para meu quarto para colocar minhas lentes de contato azuis, que foram recomendadas pelo médico da nossa família por causa do problema de visão que desenvolvi devido ao excesso de tempo que passo olhando para meu telefone, laptop e TV. Foi uma bênção disfarçada, pois nunca gostei de meus olhos castanho-claros que herdei da minha mãe, então aproveitei para cobri-los.
Depois de vestir uma camiseta larga e shorts curtos, desço para encontrar meus pais, que já estão vestidos para trabalhar e tomando café da manhã na sala de jantar.
Minha mãe, Andrea Knight, trabalha como Vice-Reitora da Universidade de West London enquanto meu pai, Charles Knight, é dono de uma das maiores empresas de software e tecnologia de Londres, chamada Knight Tech, o que faz meu pai estar entre os 30 bilionários mais ricos de Londres.
"Bom dia". Me sento e sirvo meu café.
"Bom dia, querida". Minha mãe me sorri. "Você dormiu bem?"
"Sim, dormi."
"Bom dia", minha irmã mais velha, Leah, diz cheia de energia ao entrar na sala de jantar, linda em um vestido azul pérola. Seu cabelo loiro acobreado desce até a cintura e seus olhos castanhos-claros brilham ao sorrir largamente.
"Por que você está tão feliz hoje?" Lhe dou um olhar confuso.
"Porque sua irmã mais velha finalmente conseguiu a oportunidade de modelar para uma das maiores empresas de moda em Londres." Ela grita animada.
Esqueci de mencionar que minha irmã de vinte e cinco anos é uma modelo popular em Londres. Quando ela era uma menina, sempre amou ser o centro das atenções e a câmera. Então, após a faculdade, meu pai a apoiou na realização do sonho de se tornar modelo, o que ela conseguiu. Mas ela foi capaz de chegar ao topo rapidamente por sua incrível beleza e talentos excepcionais.
"Uau, isso é surpreendente." Eu disse sorrindo. "Quando é a sessão de fotos?"
"Hoje. Quer vir comigo?" Ela perguntou e eu lhe dei um olhar entediado.
"Você sabe que ela não pode sair de casa." Mamãe interrompeu.
"Eu sei. Só queria tentar convidá-la."
Imagino que você esteja se perguntando por que eu não podia sair de casa. Isso se devia ao fato de eu ter agorafobia, também conhecida como medo de multidões, que desenvolvi quando tinha dez anos e que me fez passar todos os dias da minha vida dentro das quatro paredes da casa do meu pai. O medo era tão avassalador que eu começava a ter um ataque de pânico quando estava em meio a mais de dez pessoas.
Meus pais tentaram de tudo para me ajudar a superar isso, mas não funcionou porque eu não os deixei me ajudar. Então, terminei o ensino fundamental e médio fazendo aulas online. Atualmente, estava fazendo um curso de escrita criativa em uma universidade online, que eu terminaria este ano.
"Pai, como está indo o negócio com os investidores espanhóis?" Minha irmã se virou para meu pai que tinha estado em silêncio desde que eu entrei.
"Está indo como planejado", ele respondeu, largando o garfo enquanto limpava a boca com o guardanapo. "Recentemente descobri que a pessoa interessada em investir no projeto é o Rei da Espanha."
"Sério?" Os olhos da minha irmã se arregalaram enquanto eu olhava para ele surpresa.
"Sim. Ele chegará em Londres hoje, então estaremos finalizando o negócio em breve."
"Que incrível." Leah deu um gritinho.
"Parabéns, pai." Eu sorri para ele e ele retribuiu o gesto.
Leah se levantou de sua cadeira e pegou sua bolsa depois de beber apenas uma xícara de café.
"Você não vai tomar café da manhã?" Eu arqueei as sobrancelhas para ela.
"Tenho uma sessão de fotos hoje de manhã e não quero que minha barriga esteja saltando para fora do meu vestido."
"Ah." Eu acenei com a cabeça. "De qualquer forma, mais para mim, que não tenho que me preocupar com minha barriga saltando para fora do vestido." Eu me servi de mais comida.
"Ah, cale a boca." Ela deu um empurrãozinho em meus ombros. "Sabe o que eu faria para ter um corpo como o seu? É apenas uma pena que você esteja escondendo-o sob uma camiseta muito grande todos os dias dentro de casa." Ela balançou a cabeça.
Leah e eu tínhamos quase o mesmo tipo de corpo, mas ela conseguiu o dela com dietas e muitos exercícios, enquanto eu fui naturalmente abençoada com o meu. Ela sempre me repreendia por esconder um corpo como o meu dentro de casa e tentava me convencer a ser modelo, mas eu recusava categoricamente.
"Gosto assim." Eu mostrei a língua para ela antes de enfiar mais comida na minha boca.
Todos terminaram o café da manhã e foram para seus respectivos locais de trabalho, me deixando em casa, como de costume. Voltei para cima para tomar um banho antes de descer e me jogar no sofá. Eu liguei a TV para assistir minha série favorita, que era o que eu faria durante o dia se não acabasse caindo no sono.
