"ELEANOR!" Eu ouvi a voz através do meu vínculo mental, encolhendo-me com o tom do meu pai. Ele não era o Alfa da matilha, mas era muito respeitado, sendo o Doutor da Matilha e tudo mais. Ele realmente sabia adotar um tom autoritário quando necessário.
"Estou indo," respondi irritada. "Meu Lobo e eu queríamos correr," soei um pouco birrenta, e enfiei meu focinho, sabendo que ele não gostaria disso. Meu pai apenas emitiu um ruído irritado através de nosso vínculo mental antes de fechá-lo, e me levantei, sacudindo a minha espessa pelagem prata antes de virar para voltar para a matilha.
"Finalmente decidimos que você pode vir à Reunião amanhã, e o Alfa deu o sinal verde depois que contamos a ele," ele finalmente resmungou, um pouco contrariado. Eu poderia dizer que Jerome ajudou a convencê-lo. Eu dei um suspiro profundo, resistindo à vontade de pular de alegria. "Obrigada! Eu prometo que posso me cuidar, tenho dezenove anos. Eu sei que é perigoso, mas-"
Seus olhos verdes fixaram no meu rosto então, seu semblante endureceu enquanto seu maxilar se apertava. Eu congelei, não gostando da expressão.
"Perigoso?" Ele perguntou baixinho. "Eleanor, eu sei que você está animada porque ainda não chegou a ir, mas você está subestimando isso. Perigoso é um eufemismo. A Matilha da Lua Vermelha é..." ele se calou, uma expressão de ódio puro passou por seus traços. Eu podia dizer que a minha própria expressão tinha azedado com a menção dos nossos piores inimigos.
Nossa matilha, a matilha da Pedra Branca, ainda tinha quilômetros e mais quilômetros de terra, é claro. Era suficiente para a nossa matilha, mas estava longe de ser o que costumava ser. Nosso território costumava se estender por toda a Cordilheira das Rochosas no Colorado, mas agora uma grande parte disso tinha sido tomada à força pela Matilha da Lua Vermelha. Eles praticamente nos possuíam e tinham feito isso nos últimos vários anos. Através de ameaças
e não eram ameaças ociosas
, intimidação, e táticas de incutir medo, já tinham tomado uma grande quantidade de nossa terra. As reuniões semestrais com a Matilha da Lua Vermelha em que eu pretendia participar eram chamadas de "Reuniões", mas realmente, eram negociações. Negociações nas quais tentávamos impedir que eles invadissem nosso território ainda mais. Não que pudéssemos impedi-los se escolhessem atacar.
Eu respondi. "Eu odeio eles, por terem tomado metade de nossa terra e matado os que se opunham a eles. Eles nos fazem viver com medo, em nosso próprio território."
"Eu também odeio eles. Todos nós odiamos. Mas nós não somos páreo," meu pai disse tristemente.
"Por que eles o seguem? Quero dizer, o alfa da Matilha da Lua Vermelha." Eu sussurrei silenciosamente. Seu nome era Jackson, mas eu sabia que ninguém o chamava assim. Ele tinha seguido os passos de seu pai como Alfa quatro anos atrás quando completou vinte e um anos, e era tão tirano quanto seu pai era... embora, felizmente, já fazia alguns anos desde que a Matilha da Lua Vermelha havia matado alguém da minha matilha.
Houve um momento de silêncio antes de meu pai falar novamente. "Eles têm medo dele, mas é mais do que isso. Ele é poderoso. Inteligente. Implacável." Meu pai finalmente disse, e eu podia dizer que ele havia pensado nisso antes.
Desviei o olhar, meus olhos queimando de nojo. "Bem, eu desprezo ele. Queria que pudéssemos expulsá-los de nosso território, e logo," eu murmurei com rancor, de uma maneira como eu normalmente não falava.
Quando se tratava da Matilha da Lua Vermelha, porém, ódio corria pelas veias da minha família e da minha matilha. Eles arruinaram nossas vidas nos últimos quinze anos. Eu não me lembrava da época antes de começarem a tomar conta, eu era muito jovem. Alguns dos lobos que foram mortos como castigo por 'intrusão de território' eram amigos da família. Meu coração apertou quando lembrei de Matthew, outro dos melhores amigos do meu pai, cujo pescoço foi quebrado alguns anos atrás quando ele foi encontrado meio quilômetro dentro do território da Lua Vermelha. E Natalie, uma jovem loba rebelde que havia mostrado desrespeito em uma Reunião e ......Eu nem conseguia pensar sobre isso.
Eu voltei para o meu pai, que tinha um meio-sorriso em seus traços angulares. "Não te culpo. Você tem orgulho correndo em suas veias. Você é uma lobisomem."
Depois disso, eu deixei o prédio que abrigava a enfermaria da alcateia.
***
Na manhã seguinte, balancei minhas pernas para fora da cama e me levantei, me espreguiçando. Desci as escadas ao encontro do fresco aroma de bacon, ovos e torradas que permeava a casa. Durante a refeição, minha mãe começou novamente com o seu assunto favorito. Todo mês ou mais desde que eu completei dezoito anos, minha mãe insistia no assunto 'ah, agora você pode encontrar seu Companheiro'. Enquanto meu pai apenas me encarava com uma mistura de nervosismo e divertimento, ela tagarelava sobre como eu encontraria o lobisomem perfeito, aquele que nasceu para ser minha outra metade.
"Sim, estou pensando nisso", desta forma a conversa terminava todas as vezes.
"Nós partiremos em uma hora. Vai nos levar até depois do anoitecer para chegar lá, mesmo com a nossa velocidade. Com você indo, somos quatorze de nós". Meu pai nos interrompeu e disse me. Eu concordei e fiquei feliz que haveria tantos de nós, mas não muitos para deixar a alcateia desprotegida. Era necessário dado os números superiores da Alcateia da Lua Vermelha.
Terminada a refeição, nos preparamos bem e partimos em forma de lobo.
Ah, a alegria de correr.
Já tínhamos corrido por horas, parando apenas duas vezes para descansar, comer e beber. Em nossas formas de lobo, queimávamos quatro vezes mais calorias do que um humano normal e frequentemente precisávamos de sustento. No entanto, valia a pena, pois poderíamos correr na forma de Lobo por alguns dias inteiros sem cansar quando devidamente nutridos e descansados. Virei minha cabeça, orelhas girando enquanto um grande lobo marrom se aproximava ao meu lado.
