NovelCat

Vamos ler

Abrir APP
Pelas escuras ruas do vício

Pelas escuras ruas do vício

Autor: Bianca Salvador

Atualizando

Paranormal

Pelas escuras ruas do vício PDF Free Download

Introdução

Quando eu tentava abrir os olhos e entender o que estava acontecendo, minha cabeça rodava e doía como nunca tinha acontecido antes, estava em uma mistura de fantasia e realidade, sentia a cama quentinha o cheiro bom do travesseiro limpo lavado a pouco tempo, o ar fresco vindo da janela e o silêncio que sempre tinha durante minhas madrugadas sem dormir, porém quando me mexia na cama meu corpo doía meu braços e costelas trincavam como se fossem quebrar, me faltava o ar e uma dor forte e aguda no meu estômago fazia sentir gostos terríveis na boca, parecia que se misturava com sangue e saliva, com os olhos semi abertos via a noite que parecia me cobrir do frio intenso que estava sentindo, feridas abertas cobriam meus braços que provavelmente estava pelo corpo inteiro, doíam queimavam e coçava, já não sabia o que era realidade nesse momento, estava em minha cama ou deitada na rua junto ao meio fio com ratos passando do meu lado? E esse cheiro, de onde vinha? Mistura de carne podre, bebida e lixo junto com uma fumaça que vinha de um boeiro perto da minha cabeça! Me tremia de dor, de frio e de fome, mas a única coisa que queria naquele momento era uma pedra de crack, daria tudo que tinha, mesmo não tendo mas nada, por essa pedra, achava que ela poderia me salvar e me fazer sentir melhor de tudo aquilo ali, mera ilusão, então como um bicho sem dono fiquei ali esperando que a morte viesse me pegar e me levar junto dela, pois tudo deveria ser melhor do que estar como eu estava!
Mostrar▼

Chapter 1

Como toda pessoa jovem adulta que chega na idade de ter que escolher uma profissão que terá que levar para a vida toda, eu não sou diferente, mil pensamentos ficam girando na minha cabeça, como; e se eu começar uma faculdade e não gostar, ou se não gostar dos professores? E se depois que terminar me deparar com a frustração de ter perdido tempo e ter feito algo que odiarei para sempre ?!

Não sei sinceramente com existe pessoas que já sabem desde sempre o que serão quando adultas, será que tenho algum problema? Meu pai, irmão e mãe sempre me falam;

- Não se preocupe querida na hora certa você saberá em seu coração!

Como assim gente, no meu coração pelo amor de Deus isso aqui é minha vida, meu futuro, não posso simplesmente deixar meu coração tomar decisões.

Resumindo tô mas perdida do que nunca, precisaria conversar com pessoas que sentissem exatamente o que eu sinto, sem me julgarem ou quererem me dar alguma tipo de sermão ou lição de moral, como se nunca ninguém tivesse passando pelo momento em que eu tô passando.

Tenho um amigo de infância, chamado Jonas ele mora no final da minha rua, em uma vila de casas, quando crianças éramos inseparáveis todo tipo de traquinagem fazíamos juntos e se desse alguma coisa também ficávamos juntos, Jonas diferente de mim gostava de estudar, chegava da escola e logo fazia os trabalhos de casa, diferente de mim que se pudesse fazia nada, não tinha saco para tanta coisa na minha cabeça, não estavamos na mesma escola, ele em uma escola pública e eu na melhor escola particular da cidade, é pois é eu era uma filhinha de papai como ele mesmo dizia, isso me deixava bem brava com ele mas sabia que no fundo era isso mesmo, mas não se engane Jonas não ficava para trás não, quando não sabia uma tarefa saía correndo até meu prédio e pedia o porteiro para interfonar para minha casa e já dizia;

- Boa tarde poderia falar com a Maria Clara?

Pronto, quando a empregada, Jurema, esse era o nome dela, me chamava no quarto já sabia que era ele, querendo meus livros para fazer os trabalhos dele de casa, como meus pais nunca estavam em casa e meu irmão Márcio já não morava mas com a gente pois estudava em outra cidade eu sempre ficava sozinha durante o dia, ele subia até meu apartamento e já ia em direção ao meu quarto com milhões de cadernos e livros nas mãos, eu achava era graça pois ele era tão magrinho que sumia atrás de tanta coisa e já falava;

- Maria amiga não tô sabendo nada do que a professora falou hoje me ajuda, eu ria com o desespero dele que parecia a prova final de uma faculdade, mas que nada só tínhamos 12 anos!

Mas ele era assim, destemido e muito focado naquilo que queria e sempre falava que ao crescer seria médico, e tinha uma certeza tão grande em suas palavras que eu não tinha dúvidas de que ele realmente conseguiria, eu tinha um pouco de inveja dessa determinação e foco, mas hoje percebo que era admiração por ele, menino pobre, com mas três irmão menores e sua mãe doméstica na minha casa, sim dona Jurema era a mãe de Jonas e mas três pequenos meninos que criava sozinha dentro de uma pequena casa no final da vila!

Sempre que ele vinha eu aproveitava e tirava minhas dúvidas também sobre algumas coisas e falávamos de tudo sobre as matérias amigos da escola professores chatos e sobre o futuro!

- E você Maria o que vai fazer quando puder escolher uma profissão?

Ele sabia que eu odiava quando ele vinha com esse papo chato para cima de mim, eu logo desconversava querendo mudar de assunto mas ele ficava me falando;

- Maria você tem que descobrir do que gosta e pronto e só fazer, eu escolhi ser médico porque quero dar a minha mãe e meus irmão uma boa vida e lógico salvar pessoas de doenças que ninguém sabe como curar, por isso minha dedicação agora.

- Eu sei Jonas mas parece que alguma coisa fica dentro da minha cabeça me impedindo de gostar das coisas, parece que tudo que eu penso jamais vai acontecer, meu pai e minha mãe nunca estão em casa eu nem vejo eles amigo, tudo é muito difícil, sinto falta deles, da minha mãe na verdade, porque meu pai só viaja sendo advogado, diz ele que precisa ter muita experiência para um dia ser juiz, sei lá se é verdade também sabe,

- Que isso Maria deve ser sim para que ele iria mentir para sua mãe?

- Não sei Jonas não sei!

Nesse momento entra a Jureminha sim era assim que eu chamava ela, com uma lanche maravilhoso, bolo de chocolate com suco, e comemos até quase explodir a barriga naquele dia, Jonas saiu de lá todo contente com o trabalho feito e eu mas confusa ainda com meu futuro!

Me lembro bem desse dia, das minhas confusões mentais, da pressão de ser filha de quem sou, sim porque depois de muitos anos meu pai acabou de tornando Juíz, não um qualquer mas um que recebia várias ameaças de bandidos e facções diferentes, me lembro que durante um tempo até fiquei sem ir a escola e até mesmo não podia sair de casa, desespero total, nunca sabíamos o que poderia acontecer com a gente de casa.

Nesses tempos difíceis para uma pré adolescente que nem eu minha única companhia era meia livros, minhas músicas e um pequeno diário que eu tinha e ficava ali durante horas escrevendo sei lá o que, coisas de meninas dessa idade.

Acho que continuo com todas aquelas dúvidas de anos atrás, hoje meu irmão virou promotor de justiça, sim ele seguiu os passos do meu pai e do meu avô, que infelizmente já não está mas entre nós, ele sim me conhecia, me ouvia, me olhava nos olhos e percebia coisas especiais em mim, como ele mesmo dizia, que saudade que sinto de seus abraços e seu cheiro, sempre me dizendo que o céu era o limite e que eu poderia ser quem eu quisesse.

Agora tô aqui em um grande dilema aos 18 anos, faço faculdade ou não, e o que escolher? O que fazer para ficar feliz? Nossa avô como me faz falta sua presença aqui, você era minha referência meu porto seguro minha fortaleza, daria tudo para ter você comigo.

Nesse momento sinto um vento entrar pela minha janela, estava uma noite muito agradável ainda não tinha me preparado para dormir mas senti um torpor em meu corpo que era como se tivesse tomado algum tipo de remédio relaxante, logo me acomodei em minha cama e pelo visto adormeci!