Tocando os dedos impacientemente na mesa de mogno polido com as pernas agitando de nervosismo, Zavala se perguntava qual seria o seu destino. Seria ela sortuda desta vez?
Ela percebeu o relógio do outro lado do escritório ticando. É meio-dia.
Pouco depois, a porta se abriu. Um homem de jaleco entrou com um relatório em sua mão direita. Zavala se levantou com um olhar curioso e preocupado enquanto olhava para o médico com uma expressão vidrada.
"Doutor Hugo!"
O doutor acenou em reconhecimento, "Recebi seu relatório, Sra. Foster."
"C-como está?"
O médico ajustou seus óculos astutamente com a mão esquerda antes de entrar na sala.
"Estou grávida?"
"Por que não nos sentamos e falamos mais sobre isso, Sra. Foster?" O médico sugeriu calmamente.
Agora ciente de sua ansiedade, ela assentiu enquanto tentava controlar seu coração acelerado e mente hiperativa. "Sim, doutor."
Eles se acomodaram em seus lugares designados, o Doutor Hugo sentado em sua cadeira e Zavala sentada do outro lado da mesa na cadeira designada para pacientes ou visitantes.
"Então, o que você descobriu, doutor? Estou grávida?" As mãos de Zavala foram para a mesa enquanto ela se inclinava para a frente, olhando para o médico desesperadamente. Foi o melhor que ela conseguiu fazer para se manter calma.
Depois de perder seu filho no ano anterior, seu marido vinha se afastando dela. Era óbvio! Ele não mais a olhava como costumava fazer. Se ela não tivesse dito a ele que estava tentando ter outra criança, ele pararia de ir para a cama com ela completamente!
Mas, nestes dias recentes, ela encontrou um raio de esperança.
Esperança.
Dor latejante de cabeça e sensação de náusea? Tontura? Muitos odiariam ter esses sintomas. Mas para ela, isso era tudo! As mãos de Zavala repousaram inconscientemente em sua barriga.
Uma gravidez.
Essa era sua esperança para reconquistar a atenção e o amor do marido. Apenas a confirmação de sua gravidez pelo médico após todos os sintomas que ela teve nas últimas semanas. O relacionamento com seu marido retornaria ao que era.
Feliz.
Amoroso.
Bom.
"Sinto muito em informar que o seu teste de gravidez deu negativo, Sra. Foster."
Sua única esperança foi despedaçada, assim. "O quê?!" Zavala jogou as mãos sobre a mesa rigidamente enquanto se levantava, olhando para o médico com os olhos brilhando de lágrimas. “Não pode ser!"
O Doutor Hugo permaneceu calmo. Ele havia sido o médico da família Foster por anos. Embora Zavala fosse um membro recente da família, ele entendia que engravidar era pertinente para ter um lugar na vida de seu marido.
"Eu até tive alguns sintomas de gravidez!" Zavala interrompeu.
Doutor Hugo olhou para Zavala com simpatia enquanto ela continuava a falar sem parar. "Eu tive uma dor de cabeça insuportável. Eu me sentia tonta e fraca sempre que eu não comia a tempo!" Ela anunciou ainda incrédula.
"Sobre isso, Sra. Foster…" O médico olhou para Zavala atentamente antes de dizer, "Você pode querer sentar para ouvir isso."
Zavala sentou-se na cadeira consternada e deprimida pela expressão séria do médico.
"O exame de corpo indicou que você não está grávida, Sra. Foster. Mas nós encontramos algo mais —"
"— Chega de suspense, Doutor Hugo. Se você tem algo a dizer, por favor, diga!" Zavala normalmente era gentil e deliberada sobre suas ações. Agora, ela está frustrada. Doutor Hugo continuava mencionando que ela não estava grávida apesar de ela ter dito a ele que tinha todos aqueles sintomas. Se ela não estava grávida, então o que era?!
"Você foi confirmada como portadora de Meningioma." O médico empurrou o relatório que estava à sua frente para Zavala.
"Q-quê?" Ela estremeceu, sentindo um nó estomacal.
"Esse deve ter sido o motivo das suas dores de cabeça."
"O que é Meningioma?" Zavala não sabia o que era, embora soubesse que soava como algo que deveria temer.
"Um meningioma é um tumor..."
O estômago de Zavala afundou.
Um tumor?
"Sim. É um tipo de tumor que se forma nas membranas que cobrem o cérebro e a medula espinhal dentro do crânio."
Zavala engoliu em seco, seu coração, partido, e a garganta secando. Como ela poderia ter um diagnóstico tão horrível? Apenas nesta manhã, sua sogra tinha olhado para ela com tanta esperança. Seu marido também... tinha olhado para ela de forma um pouco diferente.
Como ela poderia voltar para casa e dizer a eles que ela não estava só 'não grávida’, mas que ela tinha um tumor também? Para ela, isso era além de vergonhoso. Isso a fez sentir medo. Ela não queria morrer depois de todas as suas lutas para viver uma boa vida começaram a dar certo.
Memórias de sua vida no campo onde ela vivia com seu pai em Dakota do Norte a consumiram e a fizeram querer chorar.
Seu pai.
Seu pobre pai.
Ela ainda não tinha feito nada por ele. Como ela poderia ter essa doença mortal? Como ela poderia morrer e deixar seu pobre pai sozinho neste mundo? Ele conseguiria suportar a dor de perder sua única filha? Ele passou por tanto para criá-la sozinho depois que sua mãe deixou o mundo quando ela era apenas um bebê.
"Sra. Foster, está me ouvindo?"
Zavala foi despertada de seus pensamentos ao ouvir a voz do médico. "Ah, sim." Ela disse rapidamente.
"Então por que não continuamos—"
"—Não, eu tenho algo para fazer então por que não continuamos essa conversa em outro momento?" Zavala disse, pegando seu relatório e sua bolsa que estava pendurada na cadeira.
Ela estava assustada.
E ela não queria ouvir nada que pudesse esmagar ainda mais sua alma. Mais importante, ela não queria ouvir a data de sua morte. Ela tinha certeza de que sua mente desmoronaria se ouvisse isso.
"Sra. Foster, entendo que esse resultado pode ser assustador para você. Mas com os tratamentos corretos, você pode superá-lo. Por favor, venha com seu marido na próxima vez que vier para uma consulta. Assim, podemos conversar profundamente sobre sua saúde e a melhor maneira de tratá-la o mais rápido possível."
Isso foi até onde Zavala estava disposta a ouvir antes de sair pela porta, lágrimas quentes escorrendo por suas bochechas.