ARDEN
"De jeito nenhum," murmurei, olhando para a carta em minha mão tremendo. Ela tinha acabado de chegar pelo correio, e eu estava esperando por ela a semana inteira.
O selo dourado no verso do envelope chamou minha atenção — um símbolo que confirmava a autenticidade da carta. Era uma carta da 'Academia Ordem da Elite,' ou simplesmente 'Elite' para encurtar.
Quando um lobisomem completa 20 anos, pode se candidatar à Elite — um nome que fala por si só. Reservada para os jovens lobisomens mais habilidosos de todo o país, representa o auge da excelência.
Durante dois anos transformadores, eles são moldados para se tornarem os líderes de suas alcateias, equipados com habilidades que garantem um futuro promissor. Desde criança, eu sonhava em ser um dos 'Elites.' Na verdade, parecia que todo jovem lobisomem aspirava ser aceito. No entanto, para mim as apostas eram mais altas.
Meus pais se formaram lá. E meus dois irmãos mais velhos também — um deles agora em seu último ano. Sendo o mais novo da família e considerado a 'ovelha negra,' eu sempre fui recebido com ceticismo. Não foi surpresa minha mãe ter me incentivado a me inscrever na academia local, acreditando que era o máximo que eu conseguiria.
Ainda consigo lembrar da conversa no jantar do mês passado.
"Quero me inscrever na Elite," anunciei, reunindo coragem para falar.
O barulho dos talheres parou momentaneamente, mas nenhum olhar se virou para mim.
"Boa sorte com isso, eu acho," minha mãe, Lorelei, comentou, olhando para as unhas sem interesse.
Lucian, meu irmão mais velho, franziu os lábios. "Você realmente acha que consegue?"
"Sim," respondi, minha voz firme apesar do coração disparado.
Kieran, meu irmão apenas um ano mais velho, soltou uma risada zombeteira. Eu o fuzilei com o olhar, mas não surtiu muito efeito.
"Ah, desculpe," disse ele, embora não soasse nem um pouco arrependido. "É só engraçado. Todos nós viemos da Elite; isso não significa que você também deveria. Se chama 'Elite' por um motivo."
Meu pai, Dominic, assentiu em silêncio, com a atenção presa ao celular. "Apenas se inscreva na academia local. Tenho certeza que eles vão te aceitar só pelo sobrenome."
Balancei a cabeça, afastando a lembrança daquela conversa amarga. Com mãos trêmulas, abri a carta que havia chegado—meu futuro estava contido em suas dobras.
Todos os outros já tinham recebido suas cartas de aceitação ou rejeição na semana passada.
Menos eu.
Minha mãe dizia que eu tinha ido tão mal no exame escrito que nem se deram ao trabalho de enviar uma carta. Mas lá estava ela.
Fechei os olhos por um momento, o medo apertando meu peito. Quando finalmente abri um olho, meu coração disparou ao encontrar a palavra—’aceita’. Quase pulei de alegria.
Em vez disso, abafei meu entusiasmo, cobrindo a boca com a mão para reprimir um sorriso. Sozinha no nosso amplo jardim, minha família ainda estava dentro de casa. Por mais que eu quisesse compartilhar essa notícia incrível com eles e provar que estavam errados, precisava contar para outra pessoa primeiro—a única pessoa que sempre me apoiou, mesmo quando minha família se virou contra mim.
Jaxon Trevane, meu parceiro e o futuro Alfa do Oeste.
Sabíamos que éramos parceiros desde que completamos 18 anos, e ele tem sido meu aliado inabalável desde aquele dia. Apesar da desaprovação de seus pais em relação ao nosso relacionamento, ele sempre me fez sentir valorizada e aceita.
Ele nunca pediu muito, exceto uma coisa.
Minha virgindade
Desde o momento que nos conhecemos, ele pacientemente esperou que eu estivesse pronta. E agora, com as notícias da aceitação, senti que era hora de dar a ele o presente que ele tanto esperou.
Enquanto subia a enorme escadaria da mansão deles, meu coração batia descontroladamente, a carta firmemente agarrada na mão.
"Ele vai ficar radiante," sussurrei para mim mesma, um sorriso surgindo no meu rosto.
Quando alcancei a porta dele, uma onda de apreensão tomou conta do meu estômago. Ignorei-a, colocando a mão na maçaneta e a girando para abrir.
O sorriso desapareceu instantaneamente. Lá estava Jaxon—nu, e debaixo dele estava ninguém menos que minha melhor amiga da última década, Sienna Graves.
“Ah, Jaxon. Bem aí!”
Eu congelei, meus pés colados no chão. Minha garganta secou e me senti entorpecida. Eu tinha certeza de que todo o sangue havia sumido do meu rosto.
“Me coma melhor do que você come a Arden,” ela gritou, e eu inconscientemente fechei os punhos, amassando minha carta de aceitação no processo.
“Aquela puritana nem me deixa tocá-la,” Jaxon rosnou, devorando o pescoço dela. “Ela acha que o corpo dela é um prêmio só porque é virgem.”
“Estou tratando ela bem há dois anos por causa disso.”
Senti meu coração se partir. A única pessoa em quem eu confiava e amava nunca me amou, afinal. Balancei a cabeça, as lágrimas ameaçando cair. No entanto, mordi o lábio, me recusando a mostrar fraqueza.
“E você nunca vai me tocar,” eu cuspi.
Foi então que eles finalmente notaram minha presença. Seus olhos se arregalaram, e Jaxon se afastou de Sienna, suas partes íntimas completamente à mostra, me fazendo torcer o rosto de desgosto.
“Arden,” Jaxon murmurou. No entanto, não havia um pingo de arrependimento em sua expressão.
Sienna, por outro lado, virou de lado para suprimir o sorriso.
“Então, você nunca me amou afinal?”
Jaxon apertou os lábios. Então, suspirou. “Como você pode esperar que eu te ame se você não satisfaz minhas necessidades? Além disso, vou para a Elite em breve. Nós não vamos nos ver então.”
Assenti suavemente, sentindo meus joelhos ficarem fracos. “Então, você nem vai se desculpar,” murmurei.
“Tudo bem,” eu disse, erguendo o queixo.
“Eu reje—”
“Eu te rejeito, Arden Stone, como minha companheira,” Jaxon disse, se antecipando a mim. Senti uma dor indescritível percorrer meu corpo, meu coração parecendo ser arrancado do peito.
Respirei fundo, tentando amenizar a dor. Então, vi a expressão dele, um pequeno sorriso de canto nos lábios.
“Desculpe, Arden,” ele disse, andando em minha direção, ainda com a mesma expressão desprovida de remorso. “Você e eu nunca fomos feitos um para o outro mesmo.”



