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Dark possession

Dark possession

Autor: Bella von tease

Concluído

Gângster/Máfia

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Introdução

Lana Devan entra em uma área perigosa quando cruza o caminho de alguém que não deveria. A jovem de personalidade excêntrica e quase sombria coloca sua curiosidade antes do medo e acaba despertando a obsessão da pessoa errada, e vai conhecer o quão intensa e doentia pode ser a possessividade de um mafioso.
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Chapter 1

No enorme e pitoresco lar da família Devan, todos tem seus títulos de glória.

  Dimitri Devan era o capô, ele fez grandes negócios em suas duas décadas e meia de poder, restabeleceu laços, expandiu as fronteiras do tráfico na Rússia e fez o nome Salazar se tornar maior do que jamais fora antes, e após sofrer uma grande decepção de sua grandíssima e bela esposa Hanna Salvatore, mais tarde Devan, conseguiu até mesmo recuperar as leis rígidas e opressores femininas que um dia foram dominantes na máfia, devolvendo a ela, a antiga essência do início do século XX.

Ele a deu perdão, o amor que sentia pela mulher a qual achava ser a mais extraordinária e fatal de todas não permitiu que fosse diferente, e de fato, ela era tudo aquilo, nunca deixou de ser.  E o primeiro fruto do amor que das cinzas nasceu, veio ao mundo destinado a ser grande, poderoso e tão forte quanto sua linhagem antecessora, e assim foi.

Quando estavam tão admirados e orgulhosos do garotinho de nove anos que já mostrava todo seu potencial para o poder e liderança, uma faísca de vida deu sinal. E quando ela veio ao mundo, todo a alegria que sentiram se dobrou, mas com o passar dos anos, o brilho da garotinha tardia foi se apagando, se tornando algo cada vez mais opaco, até se destruir por completo e se tornar treva.

No lar dos grandes e poderosos, havia um fraco e insignificante, lutando todo dia para um segundo de visibilidade que poderia lhe dar a oportunidade de mostrar que em suas veias também corria o sangue da vitória e grandeza.

Sua busca por atenção a levou ao caminho errado, para as mãos de uma pessoa que vivia fora dos portões daquela enorme casa, alguém que tinha o mesmo poder e gênio sádico daqueles que com ela viviam, aí ela deixou de ser uma deles, para se tornar dele.

Ela sou eu, e ele...ele é a minha maldição.

LIGO O SOM NO ÚLTIMO volume, mexendo o corpo e os cabelos na batida da música. Naguine rasteja pelo colchão, a sua cor amarela é o único tom vivo que se destaca nesse quarto preto, fosco e escuro. É legal, nunca é difícil saber onde ela está por aqui.

Também é o único comido nessa enorme casa, além do quarto do meu irmão, que não segue o design do resto da casa, completamente revestido em branco e tons de bege, só que faz mais sentido ser assim, já que essa casa é um hospicio mesmo. É tão grande e clássica que chega a ser ultrapassada, é muito luxuosa, como viver em um castelo, pelo tamanho, pela arquitetura, decoração e pelo tipo de gente que vive aqui. Minha mãe sem dúvida séria a rainha, é o que ela realmente é, como é tratada pelo meu pai e os de mais. Meu pai, Dimitri Devan. O rei todo poderoso que vive pelas vontades de sua rainha má, bela e irresistível. Meu irmão seria o príncipe das trevas, louco para tomar o trono e governos a todos com punhos de ferro e mãos manchadas de sangue. E eu, não me considero alguém aqui, me acho diferente deles, em caráter e demais coisas, só que sem dúvida aos olhos dos outros eu seria a princesa, uma princesa rebelde, talvez eu fosse vista como alguém realmente relevante aqui se eu não fosse uma mulher.

Não posso não incriminar a minha mãe por isso, antes que ela traísse meu pai, há muitos anos atrás, as leis dessa merda de máfia eram mais brandas. Não que justas e feministas, porém, bem menos piores. Hanna Devan, ela tinha que ser ela mesma e mudar tudo isso. Claro que ela conseguiu o perdão dele, a um preço alto, só que esse preço nós mulheres que viemos depois estamos pagando até hoje. Simples, você era mulher, apenas não tinha muito poder se você não fosse uma boa manipuladora de maridos, devia obediência e fidelidade ao marido e depois do casamento, fazer uma tatuagem ridícula dizendo que você o pertencia.

Agora a coisa é mais em baixo, renovando as leis antigas, você se casa virgem, se um homem tiver interesse em você ele pede seus direitos ao seu irmão ou pai que agota são considerados seus donos até que tenha um marido e este homem se tiver seus direitos cedidos, pode e vai controlar cada passo seu. Depois do casamento a constatação de se você era ou não virgem, se sim, passe para o próximo nível, se não, morte. Depois a tatuagem, filhos e uma vida inteira de submissão, bem pior do que era antes.  Torcemos para que o marido seja bonzinho, quase nunca é, porém torcemos, assim nos livramos das surras e punições sem consequência alguma para os maridos. E isso tudo, é culpa da minha mãe, e da minha madrinha Kelly também que deu uma bela ajuda, ainda sim, minha mãe é a maior culpada.

Só que para ela, isso tudo não é nem de longe um problema, afinal, ela está perdoada. E na sua visão, qualquer mulher tão esperta quanto ela, consegue se livrar de todas essas leis.

Hanna Devan tem o poder de driblar qualquer lei, fazendo de qualquer um seu fantoche, sempre foi muito manipuladora, controladora e claro, mentirosa. Como ser tudo isso sem mentir, não é? Uma mulher difícil. E mesmo assim eu amo ela, e sei que ela também me ama, ama meu irmão, meu pai, Kelly e os filhos dela, Kate e Alexander. O problema da minha mãe não é falta de amor, só priorizar suas conveniências acima de tudo, principalmente dos escrúpulos. E o pior é que Stefan é do mesmo jeito.

Stefan tem vinte e seis anos. É o pior homem que eu já conheci, controlador, cruel, sanguinário, tirano e capaz de qualquer coisa para ter o que quer. Aprendeu isso com mais pais, e conseguiu pegar de cada um o pior lado. Não sei se ele me ama, se ele tem ao menos essa capacidade que minha mãe tem, as vezes, raramente... penso que sim, só que depois logo vejo que não.

Paro a música que eu escutava quando ouço batidas na porta, abafadas pelo som alto.

— LANA! - ela abre a porta e me olha.

— Oi, mãe.

— O almoço está servido, e feche a porta antes de sair porque não quero essa cobra solta pela casa.

Reviro os olhos com o tom de desprezo dela para Naguine.

[...]

Bebo um gole do suco de morango enquanto mexo com a ponta do garfo na comida, totalmente entediada com os assuntos na mesa. Tráfico, cargas, armas, festas, dinheiro, dinheiro, dinheiro...e mais dinheiro.

— O salão já está pronto. Amanhã a cerimônia de posse vai sair exatamente como o planejado.

— Obrigado, mãe. Não quero falhas. - Stefan diz.

— Não terá. Fico muito satisfeito em te passar meu cargo ainda em vida, não tive tanta sorte com meu pai. Com a morte dele não houve cerimônia, e tive que tomar o cargo as pressas.

— E mesmo assim foi grandioso, meu amor. - Minha mãe sobre a mão de meu pai com a sua, acariciando e sorrindo para ele em consolo. Está alimentando o ego dele, que é enorme, diga-se de passagem, só que não deixa de ser verdade, meu pai sempre foi muito respeitado.

— E você como primeira dama. A Kate será tanto quanto, quando se casar com Stefan...- E mais uma vez este assunto é tocado aqui. A obsessão doentia que meu irmão tem por Kate, filha da Kelly, melhor amiga da minha mãe. Eles tem a mesma idade, e quando eu era criança, Stefan já estava obcecado por ela. Meus pais só fizeram alimentar esse sentimento nele, essa obsessão, e quem sofrerá com isso é ela que está apaixonado por outro demais para notar que meu irmão é doentio por ela.

— Ela nem sabe sobre isso e pode não querer se casar com Stefan. - E dizendo isso, consigo ganhar um olhar mais do que mortal do meu irmão. Stefan não pode me bater aqui e agora, e nem me jogar no porão. Só que se meus pais saírem e ele guardar esse rancor, ninguém poderá me salvar.

— Não vejo porque não. - meu pai defende, tomando um gole de vinho. E claro que ele não vê porque não, ele também consegue tudo que quer, ele quis minha mãe e conseguiu, pegou para si mesmo que ela amasse outro. E a história se repete, uma maldição de família, talvez. E novamente, a vontade da mulher não conta em nada. — Kate é solteira. - continua meu pai.

— Nem sempre se trata de estar ou não disponível, pai. Às vezes ela só não quer mesmo, eles se conhecem desde o nascimento, ela pode ver ele como um irmão.

— Lana, seu irmão será o capô. - minha mãe diz com todo orgulho e vitória. — Poderá ter Katherine facilmente se usar os meios, ela é uma menina boa e doce, vai se apaixonar por ele com facilidade. E a única irmã dele, é você. - Da ênfase.

Não amando outro...

— Cale a boca, Lana! - Stefan ordena, não pode, não manda, a palavra é sempre ordenar.

Idiota, querendo ou não, minha opinião aqui é a mais certa, eles só não sabem disso. E que relevância eu tenho aqui mesmo? Não sou a primeira dama, nem o capô e nem o futuro capô mesmo.

— Não fale assim com sua irmã. - Meu pai manda, o repreendendo com tom severo.

— Filha, você também tem que começar a se preocupar com isso. Não tem nenhum homem que tenha interesse? Um que seja bonito e tenha um bom cargo? - Minha minha mãe me questiona.

— Não tenho, mãe. Só que você com certeza tem.

Ela sorri. É, realmente tem e eu não vou perguntar, não quero saber de nada disso.

Revirando os olhos me levanto da mesa, esvaziando a taça de suco de uma só vez.

— Vou para casa da Kate, talvez lá alguém me escute.

— Tudo bem, querida. - Minha mãe concorda não dando a mínima para a minha alfinetada.

— Chegue antes do jantar.

Eu assinto a fala do meu pai e não olho para cara de Stefan para ver sua reação, apenas saio do local.

[...]

Encaro o caminho que passa rápido pela velocidade do carro, encostando a cabeça no banco de trás, eu penso em como será a minha vida. Agora que terminei o colégio, não sei ainda o que quero fazer. A melhor opção é ir para fora do país, fazer uma faculdade longe daqui antes que meus pais tenham a brilhante ideia de me juntar com alguém. Me dando de bandeja para alguém que oferecer o casamento mais conveninete.

Já estão nesse caminho, vi isso quando minha mãe tentou me jogar para Yuri, meu melhor amigo e filho de Ivan, um dos melhores amigos do meu pai. Por coincidência, também primo de Kate e Alexander. Yuri terá seu poder na máfia, sendo da terceira família mais importante, e isso já faz a cabeça da minha mãe por eu ser tão próxima dele. Só acho que ele não deve ser a primeira opção, ele pensa muito alto. Talvez acabe querendo me dar até para alguém fora da Salazar, uma máfia aliada para firmar alianças sólidas.

[...]

Sorrio para mensagem que recebi de Kira.

Festa daqui duas semanas, Lana.

Sabe que não pode  faltar, nunca é o mesmo sem você no jogo da garrafa, os caras ficam loucos pra beijar você.

— Kira

Eu nunca falto em uma festa, não é como se eu tivesse algo para fazer. 

— Lana

Meu corpo bate contra uma barreira dura, fazendo meu celular cair antes de mim que caio de bunda no chão.

Que merda!

— Não olha por onde anda, garota?!- a voz atinge meu corpo como se estivesse sendo emitida no meio do meu rosto, mas ainda estou no chão, tentando capturar meu celular.

— Porra. - Xingo, me levantando devagar, vendo de seus sapatos de couro polido brilhante até seus tornozelos cobertos pelos calça preta, subindo pelas pernas comprimidas e passando pelo volume no meio das pernas e parando no peitoral que é onde minha altura acaba, e para chegar meu olhar no seu, levanto o pescoço. — Foi mal.

— Foi péssimo. - diz de cima.

— Relaxa, intocável. - Meu dedo polegar esfrega a mancha de batom que deixei na camisa quando me choquei nela.

— Ah, ótimo! - Se afasta de mim com raiva pelo dano na camisa engomadinha.

— Quando entrar nessa casa, olha por onde anda, ou não entra mais aqui. - é só o que ele diz antes de entrar em um dos quartos e bater a porta com força.

[

....]

— Kate. - chamo. Eu não ia perguntar nada mas estou entediada, ela está ocupada demais falando com Bruno pelo netbook enquanto fico deitada no chão em cima do tapete felpudo no chão de seu quarto, encarando o lustre no teto.

— O que? - Pergunta e mesmo sem estar vendo ela direito sei que está com um sorriso no rosto, ouço o barulho dela digitando no computador.

— Qual é a do seu irmão?

— Como assim?

— Eu conheço ele a vida toda e ele nunca trocou mais de três palavras comigo em um mês. - Falo com a mão na testa.

— Então você está no lucro, meu irmão despreza as pessoas. Ele acha que elas não valem o tempo dele.

— Ele é esquisito. - Falo encarando minhas botas com minhas pernas erguidas para o alto.

— Ele é, nunca deixa eu me meter na vida dele.

—  E ele tem namorada?

— Alexander? Namorada? - ri alto, me fazendo juntas as sobrancelhas. — Ele também acha que nenhuma das mulheres são boas o suficiente pra ele.

— E como vai se casar quando se tornar subchefe? A cerimônia dele é amanhã.

— Meu irmão não quer se casar, ele disse que é melhor ter suas visceras arrancadas do que ter uma mulher chata e entediante do lado dele.

Assinto com estranhamento, não sei nada sobre ele, mas ele parece mesmo o tipo de cara que diria algo assim.

— Nem meu irmão é assim.

—  Pois é, meu irmão é estranhamento único. Aliás, por que está tão interessada nele?

— Eu gosto de coisas e possas esquisitas. Estava passando pelo corredor, ele me olhou como se eu tivesse lepra.

— Não se ofenda, ele olha assim para todos.

— Você tem medo dele?

— Não exatamente, ele adora implicar comigo mas não chega a ser assustador...só é irritante.

— Isso é legal. Ele não te bate e tal...

— Bater? Que tipo de irmão bate na irmã?

Sério sem mostrar os dentes, a olhando em silêncio. Eu sei que meus olhos não expressam a indiferença que meu sorriso tímido e explicativo transparece.

— Ah, Lana...- ela entende na hora, deixando o colchão alto e macio para se juntar a mim no chão. — Sinto muito, seus pais sabem?

— Não, eu não vou contar pra eles. Não contei a vida toda, acho que não iam acreditar agora. E ele não faz mais isso tanto.

— Cara idiota. - faz cara de raiva. — E se te consola, eu também tenho medo dele.

— Você é a pessoa no mundo que menos deveria ter medo dele.

— Eu não acho, se ele bate na irmã, o que não vai fazer com pessoas que não nada dele...

— Você não percebe, não é?

— Percebo o que?

— Nada não. - balanço a cabeça.

— Esse papo ficou muito pesado, vamos comer. - ela me puxa, fazendo com que eu fique de pé.

— Palha Italiana? - ergo a sobrancelha, ela sabe que é meu doce favorito, é só que eu gostaria de comer a vida toda. Balançando a cabeça com um sorriso, ela sai na minha frente.